27 dez, 2024 - 14:29 • Henrique Cunha
"Já ficou pouco para destruir”, afirma o bispo de Tete, D. Diamantino Antunes, que em declarações à Renascença descreve uma situação de enorme dificuldade em Moçambique.
“Há escassez de alimentos básicos e de combustíveis, o que leva ao seu racionamento. O pânico está instaurado pela presença dos prisioneiros em fuga e o clima social é de grande tensão, sobretudo nas grandes cidades como Maputo, e também na zona de Nampula e Nacala”, relata.
O bispo antecipa a destruição de muitos empregos e adianta que já começou "o racionamento de combustível" e que também já se nota a escassez de alimentos básicos", no mercado.
D. Diamantino refere que “as pessoas estão agora a ver as consequências nefastas de toda a conflitualidade social e, no fundo, quem sofre mais são os mais pobres, os mais necessitados, aqueles que estão na periferia”.
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De acordo com o bispo, um dos “problemas que se vai fazer sentir de imediato é também o da perca de muitos empregos, porque muitos negócios, atividades produtivas foram vandalizadas”.
Para além da escassez de alimentos básicos no mercado, “quer no mercado formal, quer no mercado informal, e do racionamento de combustível, também já se sente muita dificuldade de acesso aos bancos, porque estão fechados e ficarão fechados ainda nos próximos dias toda a atividade bancária”.
O bispo de Tete descreve um "clima social de enorme tensão", sobretudo nas grandes cidades, e alerta para o risco de o país cair "numa deriva de regionalismos e de divisões".
O prelado faz um apelo à responsabilidade e pede que se coloque “em primeiro lugar o bem da nação, a unidade, senão o país pode cair numa deriva de regionalismos, de divisões, e depois é difícil recompor esta unidade, que é uma das conquistas destes 50 anos de independência, a moçambicanidade, esta unidade nacional, o ser primeiro moçambicano, do que de uma etnia ou de outra”.
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“Há o risco de se perder essa unidade, e do ponto de vista político, se todos aqueles que têm autoridade não se consciencializarem e assumirem a responsabilidade de dialogar e de procurar encontrar juntos a solução a esta grave crise que, de facto, está colocando o país numa situação muito difícil a nível interno e externo, corre-se mesmo o risco”, reforça.
O bispo reconhece que “neste momento é difícil a Igreja poder ajudar, porque há outros interlocutores e também porque não houve ainda aquela abertura que esperávamos para podermos ajudar à resolução do conflito”.
“Penso que a seu tempo, quando houver condições para o efeito, nós estamos dispostos a continuar este trabalho, de estabelecer pontes, de manter o diálogo com todos e apelar ao bem comum, que é fundamental. O país já tem tantos problemas e não precisa de mais. Sem dúvida, aquilo que nós insistimos desde sempre é que é mais importante aquilo que nos une do que aquilo que nos divide”, conclui.