28 dez, 2024 - 09:30
A especialista em assuntos africanos Paula Cristina Roque considera que se está a assistir em Moçambique a uma "instrumentalização do caos" para justificar uma resposta mais agressiva sobre os manifestantes.
"O Venâncio Mondlane tem a sob controlo as pessoas que o seguem. Ele não perdeu o controlo da situação. O que é que acontece? Estamos a ver infiltração de grupos de manifestantes e estamos a ver uma instrumentalização do caos para que, depois, se justifique uma resposta muito mais agressiva", argumenta a especialista em declarações à Renascença.
Paula Cristina Roque antecipa que uma ação violenta "não será condenada, em termos de direitos humanos, porque o mundo está a ver o horror que está passar em Moçambique" e tenderá a considerar que se justifica "uma resposta muito mais agressiva"
Apesar de toda esta tensão, as páginas de apoio a Daniel Chapo nas redes sociais já vão anunciando a tomada de posse, prevista para o próximo dia 15 de janeiro.
Paula Cristina Roque lembra, contudo, que a situação é muito volátil e acredita que a tomada de posse, a acontecer no dia anunciado, terá apenas um valor simbólico: "Poderá haver uma tomada de posse simbólica, não quer dizer que o governo consiga governar. Há uma diferença, porque o país está num caos e muito volátil e a violência só está a aumentar. Mas será uma cerimónia muito pequenina, muito securitizada."
"A oposição, provavelmente não vai tomar posse no parlamento. Isto se, no entanto, o país não piorar e as pessoas não tiverem que sair e tirarem as famílias", remata.