28 dez, 2024 - 20:47 • Fábio Monteiro com Lusa
Há alguns meses, Elon Musk mergulhou de cabeça na política norte-americana e ajudou a eleger Donald Trump. Agora, tudo indica, pretende fazer o mesmo na Alemanha.
O bilionário assina, este sábado, um artigo de opinião no jornal alemão “Welt am Sonntag” de apoio ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
No texto, Musk defende que “apenas a AfD consegue salvar a Alemanha” e argumenta que o partido - que aparece em segundo lugar nas sondagens - tem propostas válidas para a economia e imigração.
“A AfD, embora descrita como de extrema-direita, representa um realismo político que repercute o facto de muitos alemães sentirem que as suas preocupações são ignoradas pelo sistema. O partido aborda os problemas do momento, sem o politicamente correto que muitas vezes obscurece a verdade”, escreve.
Após a publicação do artigo, Eva Maria Kogel, editora de opinião do “Welt am Sonntag”, anunciou na rede social “X” a sua demissão.
“Sempre gostei de chefiar o departamento de opinião da Welt e Wams. Hoje foi publicado um texto de Elon Musk no ‘Welt am Sonntag’. Ontem apresentei a minha demissão”, escreveu.
Esta não é a primeira vez que Musk apoia a AfD. Há uma semana, após o atropelamento no mercado de Natal em Magdeburgo, o bilionário já havia manifestado as mesmas ideias.
O artigo de Musk criou mal-estar no país em plena campanha para as eleições antecipadas de fevereiro, nas quais a AfD é creditada com uma média de 19% das intenções de voto nas sondagens.
Além da demissão de Kogel, a coluna pró-AfD de Elon Musk voltou a provocar mais reações indignadas.
"Não devemos permitir que os Elon Musk deste mundo, o Estado chinês ou as fábricas de 'trolls' [redes de informáticos que espalham desinformação] russas prejudiquem as nossas democracias na Europa", criticou Andreas Audretsch, diretor de campanha do partido Verdes.
A Associação de Jornalistas Alemães (DJV) protestou por sua vez contra a "propaganda eleitoral" permitida pela redação do Welt.
"Os meios de comunicação alemães não devem permitir-se ser manipulados como porta-vozes dos autocratas e dos seus amigos", criticou o seu líder, Mika Beuster.
O Die Welt pertence ao grupo de imprensa Axel Springer, o mais influente da Alemanha, que inclui também o tabloide Bild, o mais lido do país.
A Alemanha vai a eleições a 23 de fevereiro.