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Haia

Países Baixos abrem arquivos sobre colaboradores com partido Nazi a 1 de janeiro

31 dez, 2024 - 14:30 • Salomé Esteves

O Arquivo Nacional de Haia disponibiliza perto de 32 milhões de processos sobre 485 mil pessoas acusadas de colaborar com o partido Nazi durante o Holocausto.

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A partir de 1 de janeiro, os arquivos sobre os holandeses acusados de colaborar com o regime Nazi abrem ao público. Passados 80 anos, em que o acesso a esta informação foi restrito a familiars e investigadores, será possível pesquisar e consultar os processos de cerca de 485 mil pessoas no Arquivo Nacional de Haia.

Esta coleção integra o maior arquivo de guerra dos Países Baixos - Arquivo Central de Jurisdição Especial (CABR) - e abrange relatórios policiais, interrogatórios, testemunhos, cartões de filiação ao partido fascista holandês, processos médicos, fotografias, entre outros. De acordo com o The New York Times, perto de 32 milhões de documentos ficarão disponíveis para o público.

Até março de 2025, equipas de investigação e os descendentes de vítimas e de alegados colaboradores também poderão consultar a base de dados digital pela primeira vez, antes de esta ser totalmente aberta. Antes desta data, era necessário comprovar a morte do acusado para aceder ao seu processo e justificar a necessidade da consulta.

Segundo o jornal britânicoThe Guardian, o ministro da Cultura, Eppo Bruins, divulgou que os arquivos online não serão, à partida, indexados por motores de busca, como o Google. Mas que os documentos poderão ser pesquisáveis.

Esta decisão está a preocupar familiares dos acusados nos Países Baixos, uma vez que muitos dos seus descendentes estão vivos. Além disso, especialistas apontam que um grande número destes documentos podem referir-se a falsas acusações.

A decisão foi apresentada por um grupo de historiadores - Oorlog voor de Rechter ('Guerra antes dos Juízes') - em fevereiro deste ano porque a lei que ditava a privacidade dos documentos iria expirar no início de 2025.

Mais de 102 mil judeus holandeses - cerca de 75% da população judaica nos Países Baixos - morreram sob ocupação Nazi, durante o Holocausto. Neste período, os alemães contaram com a colaboração de muitos civis e autoridades holandesas. Depois da guerra, cerca de 65 mil colaboradores holandeses foram julgados em tribunal, com penas entre a repressão de certos direitos civis, a prisão e a pena de morte.

A abertura dos arquivos, que muitos apontam como esforço para a reconciliação dos Países Baixos com a sua história durante a Segunda Gerra Mundial segue a abertura do primeiro Museu Nacional do Holocausto, em março de 2024, em Amesterdão.

Apesar destes esforços, o número de incidentes de antissemitismo reportados às autoridades duplicaram em 2023.

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