25 abr, 2024 - 01:15
Os cinquenta anos do 25 de Abril são uma comemoração justa e necessária.
Justa, porque o homem foi feito para ser livre e não para ser silenciado.
Necessária, porque a liberdade não é vitalícia, antes precisa de ser cultivada e defendida.
Cinquenta anos depois é também indispensável guardar memória.
Memória do que foi o regime autoritário do Estado Novo.
Memória também do que foi necessário fazer para que o 25 de Abril de 74 se convertesse mesmo num regime democrático e não em nova ditadura de sinal contrário.
A Renascença esteve ligada a todo o processo. Pouco depois da meia-noite do dia 25 de Abril, no programa ‘Limite’, ouvia-se ‘Grândola Vila Morena’, uma das senhas para desencadear o Movimento das Forças Armadas (MFA).
A Renascença, assim ligada ao movimento do 25 de Abril, acabaria posteriormente por ser ocupada por grupos ligados à extrema-esquerda, militar e civil, que a pretendiam controlar e instrumentalizar.
A luta pela libertação e recuperação da Renascença constituiu, de resto, uma das maiores batalhas pela democracia e pela liberdade de expressão em Portugal.
Associada, também deste modo, à construção da democracia portuguesa, a Renascença congratula-se vivamente por todos os sucessos do regime democrático.
Mas a celebração da liberdade não adormece nem impede a consciência. Pelo contrário: não há liberdade sem respeito pela consciência ou pela objeção de consciência, de cada pessoa, nas suas convicções mais profundas.
E neste caso, manda a consciência dizer que há ainda muitos portugueses feridos na sua dignidade, sem acesso a uma vida digna que todos merecem, a que todos aspiram e que a todos foi prometida.
Celebrar o 25 de abril é celebrar a possibilidade de a liberdade - com a dignidade que ela implica - chegar a todos. Mesmo a todos.
Mesmo àqueles que não pensam como nós.