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Especialistas desvalorizam subida "residual" da natalidade

19 ago, 2015 - 11:38

A Renascença ouviu dois especialistas e ambos concluem que, apesar de os dados apontarem para uma subida do número de nascimentos, está-se ainda longe do necessário para que se fale em inversão de tendência. É preciso muito mais para que Portugal garanta a substituição da gerações.

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Apesar de este ano poder vir a ser o da recuperação da natalidade em Portugal, dois especialistas contactados pela Renascença não dão grande importância aos números divulgados esta quarta-feira. A subida é residual e sem relevância estatística, concluem, e, mais importante do que tudo, "está longe" de mostrar uma inversão real da tendência.

O número de nascimentos continua a subir, com o primeiro semestre a manter a tendência verificada no final do ano passado. O Grande Porto surge com a zona do país onde ocorreu o maior aumento de nascimentos nos primeiros sete meses deste ano.

Nuno Montenegro,  director do Serviço de Obstetrícia do Hospital de São João do Porto, diz que os números revelam uma subida, mas sublinha que se trata de um aumento sem expressão. O crescimento, acrecenta, é “em toda a região norte, de apenas 3,62%, em relação ao mesmo período de 2014”.  

"No distrito do Porto, até 30 de Junho, nos hospitais públicos, o número de partos foi superior em 231, o que dá 5.640. Não dou valor a esse aumento porque é residual em termos estatiticos”. "O aumento global, a nível nacional, do número de partos no primeiro semestre de 2015 é de 4,27%. É um número que não nos permite tirar grandes conclusões”, conclui.

Para Margarida Neto, que integrou a Comissão para a Promoção da Natalidade, os números são uma boa notícia, mas é preciso muito mais para inverter a tendência demográfica em Portugal.

“Não só é preciso inverter [a tendência de redução dos nascimentos] como o é subir muito rapidamente. Com os 82 mil que nasceram o ano passado, não são mais estes 1.500 que demonstram uma enorme inversão da tendência. É preciso que sejam mais de 100 mil bebés [a nascer num só ano]", diz a especialista.

Margarida Neto explica esta tendência com hipóteses: "Talvez as pessoas tenham entendido que era preciso dar um passo, surgiram muitas medidas este ano, e talvez  tenham percebido que podem ter filhos em melhores condições. A melhoria da crise económica também pode ter ajudado". 

"Todas estas circunstâncias podem estar a ajudar, mas estamos muito longe ainda”, remata Margarida Neto.

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