17 set, 2015 - 19:26
A Caravana Aylan Kurdi está quase de partida e entre roupa, alimentos, brinquedos ou medicamentos são cerca de 50 toneladas de bens que se preparam para sair de Portugal para os refugiados que estão na Croácia e na Sérvia.
Findo o prazo para a entrega de bens por parte de populares, o foco agora está na entrega e em garantir que os bens doados pelos portugueses, de norte a sul do país, chegam a quem mais precisa.
"O nosso compromisso é fazer chegar a quem precisa. As pessoas doaram para aliviar o sofrimento dos refugiados e é esse o nosso objectivo, fazer chegar aos refugiados, onde eles estiverem", disse à Lusa um dos membros da organização deste movimento da sociedade civil.
De acordo com Maria Miguel Ferreira, a caravana leva sobretudo conservas de produtos não perecíveis e que não necessitam de ser cozinhados ou medicamentos de venda livre, porque há cada vez mais doenças a propagarem-se nos campos de refugiados.
"Estamos a levar brinquedos ou não fosse esta também uma missão de homenagem a Aylan Kurdi, a criança cuja morte fez espoletar um bocadinho a consciência das pessoas em relação a esta crise", diz a responsável, acrescentando que vão também levar roupa, principalmente vestuário impermeável e calçado confortável para caminhada, e sacos-cama e colchonetes.
Para já, são cerca de 50 toneladas de bens que vão ser distribuídos em dois camiões TIR. Um número que poderá rapidamente aumentar, estando a partida prevista para sábado.
Maria Miguel Ferreira explicou que o plano inicial era o de ir entregar os bens aos refugiados que estão nas fronteiras da Hungria, mas entretanto a situação alterou-se.
"A situação na Hungria já não consegue acomodar nem mais refugiados nem mais ajuda, as fronteiras fecharam, há uma lei que criminaliza o tipo de iniciativa que nós queremos fazer, sobretudo se não estivermos bem articulados com organizações não-governamentais", adiantou.
Por causa disso, e porque as rotas das pessoas refugiadas estão a redesenhar-se hora a hora, a caravana portuguesa deverá ir para a Sérvia e para a Croácia, países onde está actualmente a maior concentração de refugiados.
Já contactaram entretanto com ONG locais, sobretudo com a Cruz Vermelha da Sérvia, que é apontada como aquela que está mais bem preparada para receber e distribuir junto de quem mais precisa, e a responsável garantiu que irão acompanhar a par e passo todo o processo.
"Iremos sempre certificar-nos a quem são entregues e que são entregues aos refugiados e às pessoas para quem foram recolhidas. Irá sempre alguém, não sei se duas, cinco, dez, isso depende muito da tipologia de ONG e da organização com quem nos articularmos no local", adiantou.
Para além das entregas de bens nos pontos de recolha, a organização criou uma conta para receber donativos e que tinha recebido já mais de dois mil euros, dinheiro necessário para pagar o combustível dos camiões ou as portagens, por exemplo, mas também para comprar bens no local, como água, que fica mais barata do que transportada.
A trabalhar avidamente para que tudo isto se concretize estão cerca de 150 voluntários para além de 10 pessoas responsáveis pela organização da iniciativa, espalhados pelos 30 locais de recolha e as duas sedes em Lisboa, que contam igualmente com os donativos entregues por 30 empresas.
Uma iniciativa que, tal como explicou Maria Miguel Ferreira, começou no sábado passado, entre um conjunto de pessoas que não conseguiu ficar indiferente perante a tragédia humanitária que acontece às portas da Europa e afecta milhares de refugiados.