18 set, 2015 - 19:38
O director da Plataforma de Apoio aos Refugiados considera essencial desmontar os mitos em torno dos migrantes que estão a entrar na Europa.
Apesar de dizer que o medo é compreensível, Rui Marques acredita que é fundamental que a sociedade fale, de forma a aniquilar os fantasmas.
“Acho compreensível a reacção de muitos dos nossos compatriotas. Nós vivemos nos últimos anos um tempo difícil, mas também, em simultâneo com as dificuldades económicas fomos sendo intoxicados com imagens de coisas terríveis que fomos vendo de grupos terroristas que têm provocado toda esta catástrofe”, explica.
“Há um sentimento de medo que decorre muitas vezes da falta de informação, que é preciso, com paciência e respeito pelas pessoas que têm esse sentimento, ir esclarecendo. Um dos principais temas que hoje deve estar presente na nossa reflexão em comunidade é desfazer esses mitos e afastar esses fantasmas.”
Rui Marques esclarece ainda que o objectivo da plataforma não é apenas acolher refugiados e deixá-los a viver da caridade. Há que integrar e responsabilizar, diz: “Têm que se integrara na comunidade, mas queremos que seja possível que estas famílias sejam rapidamente autónomas, possam viver como qualquer família portuguesa, dando o seu contributo para a comunidade, através do trabalho, dos impostos e também da sua especificidade cultural. Mas que se sintam em casa. Temos um dever de hospitalidade, de acolher.”
Com este propósito, as instituições têm uma listagem de responsabilidades para com os refugiados que ajudam a acolher. “Cada instituição cuida de seis tópicos. Não só o alojamento autónomo, a alimentação e vestuário adequado, mas também no apoio e acesso ao trabalho, para que se possam integrar no mercado de trabalho, no apoio no acesso à saúde, no apoio ao acesso à educação para as crianças e finalmente no apoio para a aprendizagem de português”, explica Rui Marques.
Esta sexta-feira a Organização Internacional das Migrações voltou a actualizar os dados em torno do número de migrantes que atravessou o Mediterrâneo este ano e até agora.
Foram quase 474 mil nas contas da OIM, sobretudo sírios, que totalizam cerca de 182 mil.