13 out, 2015 - 07:46
Mais de um terço dos inquiridos num estudo da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) admite conhecer situações de crianças ou jovens vítimas de violência, mas menos de metade denunciou o caso.
As conclusões do sexto Barómetro APAV/Intercampus sobre o tema da “Percepção da População Portuguesa sobre a Violência contra Crianças e Jovens” são apresentadas esta terça-feira e revela que 36% dos inquiridos disseram ter conhecimento pessoal de situações em que crianças ou jovens foram vítimas de violência.
Entre estes casos destacam-se as situações de “bullying” e violência nas escolas (agressão entre alunos ou entre alunos e profissionais de educação). Destas situações, os entrevistados declaram que apenas 56% das vítimas terão recebido apoio – que foi dado sobretudo nas escolas (42%) e na família (37%).
Houve ainda casos que receberam apoio das autoridades policiais (17%) e das comissões de protecção de crianças e jovens (16%).
Das 292 pessoas que declararam ter conhecimento pessoal de situações de violência contra crianças e jovens, apenas 38% reportaram a situação a uma estrutura de apoio (escola, polícia e/ou família).
“Estas opiniões revelam a importância do que a APAV tem feito ao longo destes 25 anos, de sensibilizar e capacitar as famílias e as escolas para o seu papel na protecção das crianças e jovens”, considera Maria Oliveira, coordenadora do Centro de Formação da APAV.
Em declarações à Renascença, a responsável destaca as acções de “sensibilização e informação de diferentes públicos” nas escolas, mas admite a existência de “algumas lacunas: a maioria dos inquiridos entende que as crianças não sabem a que estruturas podem recorrer se forem vítimas de crime”.
Há, por isso, na opinião de Maria Oliveira, ainda um trabalho de prevenção e sensibilização a fazer para combater estas situações.
Escola e família fundamentais na prevenção
Outra conclusão do barómetro aponta que mais de metade dos inquiridos tem a percepção de que as situações de violência contra menores aumentaram nos últimos anos, com destaque para a violência nas escolas e o “bullying”, a violência através da internet e das novas tecnologias.
“A percepção da gravidade e do impacto na saúde física e mental das crianças ou jovens vítimas de violência é também bastante elevada”, indica o estudo, tal como a importância atribuída à prevenção e ao combate destas situações.
A maioria (86%) dos inquiridos aponta a família como uma das estruturas mais importantes na prevenção e combate à violência contra crianças e jovens, seguindo-se a escola (67%), a polícia 36%, as comissões de protecção de menores (27%), a APAV (26%) e a Segurança Social (22%).
O sexto barómetro APAV/Intercampus decorreu entre 15 de Maio e 30 de Junho e teve como base entrevistas a 807 pessoas com 18 ou mais anos.