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Famílias portuguesas. Pai e mãe trabalham, mas não chegam aos mil euros por mês

27 out, 2015 - 07:28

Estudo da DECO mostra que as famílias com mais dificuldades em fazer face às despesas diárias são as que têm filhos menores.

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Metade das famílias portuguesas com filhos menores sobrevive com menos de mil euros por mês e 18% não consegue pagar a prestação da casa e as contas da água, luz e gás, revela um estudo da Deco - Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores.

De acordo com as conclusões de um inquérito da Deco sobre o orçamento familiar, as famílias com mais dificuldades em fazer face às despesas diárias são as que têm filhos menores, mesmo que ambos os cônjuges trabalhem.

"Metade destes agregados sobrevive com menos de mil euros por mês, não sendo difícil presumir que muitos dos elementos trabalhadores ganhem apenas o salário mínimo nacional (505 euros), ou até menos", conclui a Deco.

Os resultados do inquérito estatístico, que será publicado na edição de Novembro da revista Dinheiro & Direitos, indicam que cerca de dois terços vivem com o peso de um crédito à habitação, havendo ainda quem tenha, ou acumule, empréstimos para outros fins (compra de carro ou de mobília, por exemplo).

Os cartões de crédito (37%) e os cartões de loja (26%) são também produtos financeiros que trazem os inquiridos "amarrados" ao pagamento de juros, com três quartos dos inquiridos a classificarem a sua situação como difícil ou muito difícil.

O estudo concluiu igualmente que "o estado das finanças domésticas deteriorou-se, nos últimos anos, para muitas destas famílias".

De acordo com a Deco, muitas destas famílias têm dificuldade em pagar as contas, quando não se encontram mesmo impossibilitadas de o fazer, nomeadamente: electricidade, gás, água, seguros (86%); renda ou empréstimo da casa (83%); outros encargos correntes, como alimentação, vestuário e combustível (79%); educação dos filhos (75%); créditos para compra de carro e/ou outros bens (73%); cuidados de saúde (62%).

Mais de metade dos inquiridos admitiu já ter liquidado contas depois da data limite, embora nem sempre numa base regular, e as facturas que mais vezes ficaram por saldar foram as de comunicações (telefone fixo e móvel, televisão e Internet). A maioria teve de reorganizar a gestão do orçamento familiar para não atrasar mais pagamentos e, num terço dos casos, são os empréstimos de familiares ou de amigos que resolvem a situação, revela o inquérito.

Certos encargos periódicos, como férias, seguros, revisão do carro ou impostos, são acautelados por 71% dos inquiridos, revela ainda ao estudo, segundo o qual um "pé de meia" para aquela despesa específica ou esperar pelos subsídios de férias e/ ou de Natal são as soluções utilizadas com maior frequência. .

Outras formas encontradas pelos portugueses consistem em recorrer às poupanças e fasear o pagamento das contas. .

Com o objectivo de conhecer como os portugueses gerem o seu orçamento familiar, entre Outubro e Novembro de 2014, a DECO enviou um questionário de auto-preenchimento a uma amostra dos 30 aos 74 anos, proporcional à população residente em Portugal Continental no que se refere às variáveis sexo, idade e regiões.

O mesmo estudo foi realizado pelas congéneres da DECO em Espanha, em Itália e na Bélgica. No total das 5.649 respostas obtidas, 1.222 são de portugueses.

Comentários
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  • Ao Ao q resp. ao Pau
    27 out, 2015 Lx 21:31
    A fraca prestação dos outros não pode (ou deve) ser desculpa para os nossos males. A europa tem falhas, mas isso não limpa as nossas. Faz-me lembrar o miúdo que chega a casa a dizer que chumbou, mas que 5 colegas chumbaram também....esquece-se dos outros que passaram com distinção.
  • AO Q-RESP.AO PAULO
    27 out, 2015 AÇOR 15:11
    E qual é o beneficio que esta europa tem dado aos portugueses? Ou porque existem outros países da europa na mesma situação ou pior? Será que só vês defeitos no teu país e não vês defeitos nesta europa sem democracia e sem dignidade. A começar pela porcaria da moeda unica. Que beneficios trouxe aos portugueses, a não ser aumentar-lhes o nivel de vida para comprar menos e empobrecê-los drasticamente. Será que este país algum dia vai ter dignidade e vai poder competir com esta europa? Oh pá, mete esta europa na POOOOOOOOO---RA. Se criticasses as duas coisas, ainda compreendia, mas não. Só demonstra a falta de senso da sua parte...
  • Ferreira
    27 out, 2015 açor 14:52
    Oh Elias falas muito mas não dizes nada, as pessoas até têm cada vez menos filhos, mas o problema deste país foi deixar de pagar um salário digno aos trabalhadores, então não sabes que porcausa disto o país está com uma população envelhecida? Tu já viste quanta gente deixou de ganhar com dignidade? Os funcionários públicos têm o salários congelados desde de 2009 e ainda porcima são baixos, se calhar também ainda vais dizer que a culpa também são deles, de gente como vocês espera-se de tudo, mas o pior é que à conta disto e pelo exemplo que este governo tem dado, os empresários também fazem o mesmo ou pior, por isso é o país da treta que é este portugal. Mas ainda respondendo ao teu comentário não faz muito sentido, porque se assim for e como não se ganha um salário digno há muito tempo, pela tua ordem de ideias. qualquer dia deixava de haver população portuguesa. Bem, não se percebe bem aonde é que queres chegar, aqui jogas com um pau de dois bicos, por um lado, culpas as pessoas, e como quem quer defender o governo, como estas tivessem culpa do nivel de vida que lhe é imposto, por estes terem algum filho e não lhe poder sustentar. Por outro lado, culpas o governo por não criar empregos com salários dignos. Oh homem vai dormir, que o teu mal deve ser sono. Ou vai para o quintal plantar batatas...
  • Ao Paulo
    27 out, 2015 Lisboa 14:14
    Subscrevo inteiramente o que diz! Não que eu prefira estar fora do Eurogrupo, mas porque efetivamente não conseguimos investir bem o dinheiro que nos foi "dado" (corrupção?), não conseguimos criar uma economia coesa, sã e próspera...Ao fim de tantos anos, não conseguimos ser um país evoluído. Não conseguimos ser um país moderno. Não conseguimos ser um país desenvolvido ou em vias de (real) desenvolvimento. Somos um país onde proliferam os esquemas, as trapaças, aldrabices, mentiras, cunhas, lobbies, corrupção, enormes desigualdades sociais, falta de respeito pela democracia, elitismo, egoísmo, cagarolice, sede de poder, dependência de "status" a qualquer custo....e por tudo isto, somos considerados internacionalmente lixo!...
  • elias
    27 out, 2015 coimbra 11:25
    já a questão demográfica é outra coisa, se o governo acredita que o país está condenado porque a natalidade está em baixa em vez de incentivar irresponsáveis a ter filhos feito coelhos ou animais selvagens irresponsáveis ou criar programas idiotas e a curto prazo para incentivar o mesmo, deveriam incentivar a criação de empregos de qualidade que paguem salários dignos que permitam as pessoas viverem com dignidade e se desejarem aí sim, ter filho, em um pais com um salário mínimo de menos de 600 euros nem mesmo um casal ganhando 3 salários deveria ter filhos. mas querem resolver um problema de longo prazo com soluções a curto prazo, querem investir em trabalho precário com salários de fome depois dizem Oh vamos dar um desconto nos impostos para quem tem filhos!? hipócritas!
  • elias
    27 out, 2015 coimbra 11:20
    famílias com menos de 1000 euros no total e com filhos menores para criar?isso ao meu ver não é problema de ninguém mais que da própria família, como alguém com um salário de me+++ faz filhos? não planeiam não pensam no futuro não colocam as contas no papel para ver se é possível simplesmente fazem o filho e logo a sociedade que o crie? por isso cada dia que passa eu sinto menos e menos simpatia por crianças em dificuldades porque eu não tenho filhos porque sei que não posso ter, por que raios eu tenho de contribuir com instituições de caridade para ajudar a criar os filhos de um monte de irresponsáveis que fazem filhos sem pensar no futuro? isso seja aqui seja em África é a mesma coisa, fazem filhos e depois se sentem no direito de que a sociedade cuide dos filhos deles. não em que sentir simpatia, a vida tem muitas coisas mais importantes para lidar que criar filhos dos outros quando você mesmo esta consciente de que não pode se permitir ter e vive a vida de acordo. Até para financiar um imóvel as pessoas põem as contas no papel para ver a longo prazo se cabe no orçamento como que para fazer filhos que são um investimento muito mais caro a muito longo prazo e com retorno muito duvidoso e que ao contrario de imóveis você não pode simplesmente deixar de pagar ou devolver ao banco ? e quem adopta um animal sabendo que não podem cuidar deles? NINGUÉM DEVERIA TER FILHOS SE NÃO TEM CONDIÇÕES DE CRIAR DO INICIO AO FIM
  • ferreira
    27 out, 2015 açor 10:22
    Os dois a trabalhar? E quem vive só de um com 500 euros ou menos, como pode sobreviver? Ah espera, o papá ajuda na alimentação. Mas se o papá também não tiver, ah ai quem ganha ganha 500 ou menos que vá poupando. Eh pá, eu já pareço um psd a falar do assunto. Pois é! Este triste país, infelizmente tem muita gente que se quer sobreviver tem que se com a ajuda muitas vezes dos pais, e outros sobrevivem muito mal mesmo, porque até os pais não os podem ajudar. Muitos nem dinheiro para a luz e água têm. Quando ouço estes papagaios dizerem que os portugueses estão melhores, como desejaria que estes passassem o que muitos que não têm passam...
  • Paulo
    27 out, 2015 vfxira 08:45
    Um país de ordenados baixos não é um país moderno nem desenvolvido e não merecia estar no euro grupo.

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