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Famílias sobreendividadas pagam 700 euros em créditos com salários de mil euros

29 out, 2015 - 08:01 • Fátima Casanova, com Lusa

No topo dos serviços considerados essenciais pelos consumidores, segundo a Deco, está a electricidade, seguida pela água, gás e telecomunicações. Só depois vem a alimentação e a saúde.

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Aumentou a taxa de esforço das famílias sobreendividadas, que chega aos 72%. De um salário médio de mil euros, mais de 700 euros são para pagar as prestações mensais, revela a Deco num novo boletim estatístico.

Nos primeiros nove meses deste ano, 26 mil famílias com dificuldades financeiras pediram ajuda junto do gabinete de apoio ao sobre-endividado da associação de defesa do consumidor. São famílias de classe média, que perderam rendimento nos anos da troika.

Todos os dias, em média, quase 100 pessoas batem à porta da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor porque não conseguem pagar as suas despesas. Mais de metade estão empregadas, mas o dinheiro não chega para tudo, porque têm vários créditos para pagar, diz Natália Nunes, coordenadora do gabinete de apoio ao sobre-endividado.

“Destas famílias que nos pedem ajuda, 59% é trabalhador do sector privado ou do sector público. Apenas verificamos que 26% estão desempregados e 15% estão reformados. Estamos a falar de famílias que já pertenceram à classe média e que quando tinham rendimentos mais elevados lhes permitiu aceder a crédito, e, em regra, têm vários créditos mas entretanto foram confrontadas com a diminuição significativa dos seus rendimentos”, explica.

Já quanto às prioridades apontadas pelos consumidores, a Deco foi surpreendida com os dados que apurou. Como por exemplo, as telecomunicações, que ficam à frente da alimentação. No topo dos serviços considerados essenciais pelos consumidores está a electricidade, seguida pela água, gás e telecomunicações. Só depois vem a alimentação e a saúde.

A situação para estas famílias não está a melhorar. Por um lado, o número de pedidos de ajuda é idêntico ao de 2014 mas, por outro, a maioria é de famílias que vivem com um ou dois salários mínimos nacionais por mês.

As causas do sobreendividamento também estão a mudar: em 2013, o desemprego era a principal causa (35%) dos pedidos de ajuda ao GAS, mas em 2014 passaram a ser os cortes salariais (33%) e em 2015 o desemprego e a deterioração das condições laborais estão em pé de igualdade (29% cada).

Mas este ano há uma nova terceira causa, com um peso de 12%, que está relacionada com a diminuição dos rendimentos devido a penhora de bens ou redução de rendimentos.

"No início de 2000, quando a DECO começou a apoiar os sobreendividados, a penhora nem sequer era uma causa na origem das dificuldades. Mas com o agravar da crise começou a surgir como uma causa e este ano já representa 12%", adiantou Natália Nunes.

Comentários
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  • Luiz Leitão
    04 mai, 2017 Sintra 12:16
    Continuo a acreditar, que só através de um novo modelo comercial: "O NEGÓCIO DO CONSUMO EM REDE", conseguiremos uma melhor justiça social.
  • Julio
    29 out, 2015 Lisboa 13:21
    Eborense se você se visse sem emprego e por consequente sem qualquer rendimento nem dinheiro para pagar uma barraca tinha e muito menos para vir manifestar falsas penas aos seu amigos através de uma net que não podia igualmente pagar.
  • Eborense
    29 out, 2015 Évora 12:05
    A banca também disse para eu me esticar só que eu só me estiquei até onde quis e nunca me endividei mais do que aquilo que podia. Vi muitos amigos meus a comprar casas cujo valor era o dobro da minha quando os salários deles eram muito inferiores ao meu. Agora eu não tenho dividas e alguns deles estão sobreendividados. Temos pena! Deviam ter pensado isso antes, mas o querer parecer aquilo que não se é, leva a estas situações.
  • Para adelino
    29 out, 2015 açor 11:04
    A retificar e as minhas desculpas, Adelino e não zé povinho.
  • para o zé povinho
    29 out, 2015 açorlindo 10:50
    Mesmo aparecendo as causas todas deste mundo para que muitas famílias cheguem ao ponto de nem ter dinheiro para pagar a água e a luz, por mais que se faça ver que estas famílias não têm culpa desta situação, uma vez que: 1º entramos na porcaria da moeda única, foi sempre a perder poder de compra, os salários sempre baixos, há coisas que já compramos três vezes mais caras, com salários de 500 euros e menos, salários congelados desde de 2009 e ainda com cortes nos subsídios, o desemprego, um dos grandes causadores para estas famílias estarem nesta situação, mas ainda assim há sempre um idiota que não quer ver nem compreender a situação dos outros, é sempre mais fácil culpar, porque ele é que é o bom, os outros não. Oh zé povinho e mais algum igual a ti, tens pouca ou nenhuma inteligência mas a lingua muito comprida, mas isto é porque és do psd e porque não tás na mesma situação dos outros, talvez porque estejas a mamar um bom salário e não tiveste o azar, ou para meu consolo, estares na mesma situação daqueles que não podem pagar...Mas não apontes o dedo aos outros, a vida dá muitas voltas, não sabes o teu dia de amanhã, nem cuspas para o ar que ainda te cai o cuspo na cara…Isto, muitas vezes, não tem nada a ver com pernas compridas ou curtas…tem a ver é com a falta de compreensão e de visão, para muitos como tu..
  • Verdade
    29 out, 2015 Almada 09:59
    As familias tinham emprego, estavam estabilizadas, e os bancos comecaram a incentivar ao consumo. Depois a crise da banca (diga-se antes ganacia, agiotismo, roubos sem medida, etc...etc..) criou uma alteração social violenta e o descalabro do desemprego piorou tudo. Depois o governo começou a privatizar, privatizar tudo o que dava lucro. Etc..etc.. Aumentos desmesurados dos preços de bens de consumo luz, gas, IVA etc.. Só agravou a vida aos portugueses masoquistas que continuaram a votar nesta corja de ladrões.
  • Luis
    29 out, 2015 Lisboa 09:55
    É ridiculo os portugueses faliram em grande escala para ajudar a banca a fali-los ainda mais, as pessoas esticaram-se porque a banca lhes disse para se esticarem e até quem tinha poupanças as perdeu o caminho seguido foi errado a europa entrou numa crise sem se preparar e quem pagou fomos todos nós o cidadão comum. Qual era o objectivo da crise certamente já nem se lembram quem tem muito quer sempre mais e estão nesse buraco à 9 anos quando chegar a vez dos mais carenciados receberem ajuda já não está cá ninguém e ficam as gerações futuras hipotecadas por causa desta brincadeira, resta saber se eles vão aceitar...
  • Zé Povinho
    29 out, 2015 Lisboa 09:37
    Não se pode culpar só a falta de consciência de quem, por iniciativa própria, deu o "passo maior do que a perna", até porque no passado, a prestação mensal de uma renda de aluguer, era mais caro do que uma renda mensal de um crédito à habitação! De facto, muitos aproveitaram, a falta de controlo e o facilitismo exagerado que a banca dava, muitas famílias exageraram na compra de habitação, metendo-se a comprar casas superiores à suas reais necessidades, quer em espaço quer em luxo! Claro que, com as medidas de austeridade impostas pelo governo Passos Coelho, subiu o desemprego, subiu os impostos, subiu a emigração e subiu a pobreza das famílias Portuguesas, pois "mataram" a economia Real de Portugal, a economia que funciona do povo para o povo! A culpa foi de todos! A banca, não é amiga de ninguém! Não quer saber se as pessoas passam mal. Hoje, descartam-se de tudo, quando até foram quem verdadeiramente iludiu os menos informados...."compre agora, começa a pagar só para o ano"! Já dizia o meu paizinho: "meu filho, para ires ao banco buscar dinheiro, é preciso primeiro lá metê-lo"! Aquelas sábias palavras, defenderam-me das tentações do facilitismo de comprar até uma simples varinha mágica às prestações!
  • Helle
    29 out, 2015 Lisboa 09:27
    Já os mafiosos, ladrões de bancos, continuam muito bem instalados e até vão sendo nomeados com uns grandes tachos na função pública e no resta do estado. Continuem a votar em corruptos até irem todos com as familias p'ra debaixo da ponte ou emigrem.
  • ADELINO
    29 out, 2015 Braga 08:45
    Quem andou não tem para andar e quem o gastou não tem para gastar. Aguentem.

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