14 nov, 2015 - 19:46
A atitude da França, Inglaterra e Estados Unidos em relação à Síria e ao Iraque vai mudar, de certeza. A especialista em temas de Médio Oriente, Lumena Raposo explica à Renascença que a reacção daqueles países face aos atentados em Paris poderá ser mais agressiva.
“Não acredito que a atitude destes países [França, Inglaterra e Estados Unidos] face ao Médio Oriente e concretamente face à Síria e ao Iraque. Vão continuar a enviar drones, bombardear, terão de avançar para algo mais consequente, há que ser mais assertivo nos ataques”, disse.
Lumena Raposo sublinha ainda que o combate ao autoproclamado Estado Islâmico é tão mais difícil se se tiver em conta que na península arábica há aliados do ocidente que jogam em dois tabuleiros.
“Há uma espécie de jogo duplo. A Arábia Saudita e o Qatar são dois países em que há informações seguras de que, por um lado, Riade diz: ‘Nós estamos contra o terrorismo’ mas há dinheiros e fundos a partir da Arábia Saudita e a partir do Qatar que apoiam os extremistas islâmicos. Este Islão não tem nada a ver com o Islão que nós conhecemos, esta é uma ala muito extremista, radicalista e militarista”, refere.
Esta especialista em Médio Oriente explica ainda que o financiamento dos terroristas do Estado Islâmico é feito sobretudo através da exploração e venda do petróleo das regiões controladas pelos radicais.
Já Lívia Franco, especialista de assuntos internacionais, considera que “as autoridades europeias vão ter de ponderar a política de fronteiras, mas não está em causa liberdade de circulação; em relação aos refugiados a Europa não deixará de os receber, mas os mecanismos de avaliação de quem entra vai ser mais apertado e a operar ao nível máximo”.
A professora do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa diz que estes atentados “vão ser usados para reforçar o discurso de alguns líderes europeus – como a Hungria ou a Polónia – em relação aos refugiados; tem de ser procurado equilíbrio e não entrar numa paranóia securitária.
Questionada pela Renascença sobre como prevenir este tipo de atentados, Lívia Franco refere que são necessários “bons serviços de segurança”, mas é uma “tarefa complexa , delicada que tem de respeitar os constrangimentos do estado de direito e tem de ser uma coisa amplificada a vários pontos do globo”.
O procurador de Paris, François Molins, fez um novo balanço e confirmou a existência de 129 mortos, 352 feridos, 99 deles em estado grave.