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Esquerda vai reverter lei do aborto e diz à direita: "Habituem-se"

19 nov, 2015 - 18:58

No "novo quadro parlamentar", os "direitos das mulheres, a sua dignidade e a protecção da saúde sexual e reprodutiva serão respeitados e reconhecidos", diz o PS.

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O PS pediu esta quinta-feira a PSD e CDS-PP que se habituem ao novo quadro parlamentar, a propósito da interrupção voluntária da gravidez. Centristas e sociais-democratas criticaram as prioridades socialistas em início de legislatura.

PS, PCP, BE e PEV defenderam esta quinta-feira os seus projectos de lei para reverter as alterações à lei do aborto aprovadas pela anterior maioria PSD/CDS-PP no último plenário da XII legislatura e que introduziram taxas moderadoras e a obrigatoriedade do acompanhamento psicológico e social às mulheres que queiram praticar uma interrupção voluntária da gravidez (IVG).

"No dia 4 de Outubro nasceu um novo quadro parlamentar, em que os direitos das mulheres, a sua dignidade e a protecção da saúde sexual e reprodutiva serão respeitados e reconhecidos, não de forma somente proclamatória ou demagógica, mas de forma inteira e limpa e acima de tudo efectiva. Habituem-se", disse a deputada do PS Susana Amador, recuperando uma expressão dita por António Vitorino após a primeira vitória eleitoral de José Sócrates.

“Um libreto de opereta”

Pelo CDS-PP, Teresa Caeiro argumentou que a discussão de hoje "mostra bem qual é a hierarquia de prioridades do PS".

"As duas primeiras iniciativas que os senhores apresentam no parlamento são para revogar uma taxa moderadora de 7,75 euros para a IVG a pedido da mulher e a reposição dos feriados nacionais. Isto é que é a vossa mundividência. Os senhores não têm uma visão do mundo, os senhores têm um libreto de opereta", acusou.

Também o deputado social-democrata Ricardo Batista Leite criticou "a ligeireza" com que a esquerda encara o processo legislativo, ao pretender a revogação de uma lei com quatro meses.

"Isentar a IVG de taxa moderadora seria equiparar a IVG a um qualquer outro método anticoncepcional", defendeu o deputado do PSD, dizendo não entender como os partidos de esquerda querem "deixar as mulheres entregues à sua sorte" ao pretenderem acabar com a obrigatoriedade do aconselhamento psicológico e por um técnico de serviço social.

“Reconhecendo a importância que o assunto tem, a oportunidade da sua apresentação parece manifestamente um aproveitamento político daquilo que são os tempos conturbados que vivemos”, defendeu ainda Andreia Neto, em declarações à Renascença.

A deputada social-democrata considera que “a esquerda traz este assunto à discussão não por ser dos mais importantes, mas sim por ser dos mais fracturantes”. “Isto diz bem daquelas que são as reais preocupações da esquerda no nosso parlamento”, observa ainda Andreia Neto.

Comunistas falam em "golpe legislativo"

O BE falou pela voz da sua porta-voz, Catarina Martins, que declarou a urgência de acabar com uma lei que "castiga, menoriza e condiciona as mulheres nas suas decisões", argumentando que a introdução das taxas moderadoras para o aborto, apenas em algumas circunstâncias (continua isento para mal formações do feto e em caso de violação), obriga as mulheres "a dizer ao mundo" os motivos de recorrer a um serviço de saúde, o que a nenhum homem é pedido.

"Hoje é o dia em que começamos a sarar as fracturas que a direita quis abrir na nossa sociedade", concluiu.

A deputada socialista Elza Pais acusou PSD e CDS de terem querido "pôr o Estado a tutelar as mulheres" com o objectivo de "manipular e condicionar a sua autodeterminação, obrigando-as a falsos apoios que elas não pediram".

A comunista Paula Santos sublinhou o "verdadeiro golpe legislativo" que foi a aprovação das alterações à lei do aborto sob pressão de "sectores de direita revanchista que pretendiam fazer um ajuste de contas com a decisão soberana e progressista do povo português" no referendo à IVG.

A deputada do PCP criticou que tais alterações não estivessem apoiadas em qualquer elemento objectivo que indicasse a desadequação da legislação, existindo, pelo contrário, dos números mais baixos de IVG na Europa e uma lei que estava "pacificada na sociedade".

No mesmo sentido, Heloísa Apolónia considerou que a direita desrespeitou as mulheres portuguesas.

"A direita – que pelos vistos não tinha mais nada que fazer ou com que se preocupar – fez aprovar dois diplomas legais de uma forma absolutamente desproporcionada, como se as mulheres não soubessem o que fazer e fossem livres nas suas consciências", disse.

[Notícia actualizada às 10h59 com declarações da deputada Andreia Neto]

Comentários
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  • Vasco
    20 nov, 2015 Santarém 18:07
    Sinto cada vez mais vergonha e desgosto em ser português e não estou apenas a referir-me a este caso mas também ao da adopção de crianças por parte de homossexuais quando um casal normal sente imensas dificuldades por vezes em o conseguir, se o 25 de Abril veio para libertar toda a nojeira que existe no ser humano então viva o 24.
  • Andreia Santos
    20 nov, 2015 Setúbal 16:43
    Mensagens como a do "Srº." Manel deviam ser filtradas, não postadas. Não diz nada com sentido e ainda usa nomes inadequados em excesso, apenas com o intuito de ofender os outros.
  • Andreia Fernandes do
    20 nov, 2015 Setúbal 15:11
    Além desse assunto ñ ter relevância nenhuma nesta altura, desde sempre que se existem taxas moderadoras. Há quem pague e quem seja isento. Porque havia de ser diferente para um procedimento de saúde que é voluntário. Porque temos todos que pagar abortos de pessoas que tem dinheiro. Isso é a esquerda em força. Depois não se queixem....
  • ao carlos
    20 nov, 2015 lx 13:04
    Mas o que diz não se aplica aos partidos da direita que no ultimo dia da legislatura, aprovaram à pressa a legislação? Parece que nos querem fazer de estupidos!...Xico-espertos!
  • Uma vergonha!
    20 nov, 2015 lx 13:00
    uma direita que se apresenta como se estivesse dona e senhora da razão e sem respeitar as maiorias parlamentares! Isto demonstra que tudo o que fizeram durante 4 anos, foi o "quero, posso e mando" e agora não sabem coabitar numa democracia a serio! A democracia deles é só válida quando têm o poder absoluto! isso não é democracia, é absolutismo! Não é por acaso que não sabem viver com a Constituição da Republica, e a qualquer momento que não lhes convém a querem alterar ao seu belo prazer! Esta direita radical, não evoluiu nada ao longo de 40 anos! Há resquicios de absolutismo, que perduram!
  • A direita
    20 nov, 2015 port 12:51
    mostra o verniz que utiliza! É de fraca qualidade e quebra rapidamente! Há alguns deputados e deputadas da direita que parecem estar num mercado em vez de estarem no Parlamento! nunca supus que certas personagens, chegassem ao estado de ira e de desorientação que mostram ter nos discursos! Que falta de nivel!
  • Burbidge
    20 nov, 2015 lisboa 12:48
    Isto nao pode estar acontecer!!! Estao todos baralhados com o assunto e as prioridades de momento
  • Carlos
    20 nov, 2015 Lisboa 10:23
    Um vergonha. O PS absolutamente manietado pelo BE e pelo PCP e pelos socialistas que pensam como se fossem do BE e do PCP. Esta priorização na agenda politica, num país de pessoas idosas, diz tudo sobre a estupidez ideológica destes partidos e do seu desfazamento face aos interesses e necessidades reais do país.
  • Filomena Silva
    20 nov, 2015 Braga 10:22
    Ao manuel e zé dou-vos um conselho:se têm sede de sangue e de matança,alistem-se e juntem-se aqueles que fizeram em Paris o que só "porcos envenenados de mente " fazem coisas horrendas e sem sentimento nenhum de um ser Humano.Há realmente gente neste País muito má,sem principios e com ideias que em nada diferem dos TERRORISTAS que hoje atacam sem dó nem piedade.O vosso lugar é ao lado deles,porque aí chegará a vossa hora.
  • Carlos
    20 nov, 2015 Lisboa 10:16
    Não se trata da lei do aborto, mas sim de isentar de taxas moderadoras e de acompanhamento psicológico as mulheres que recorrem ao aborto. A RR deveria esclarecer este assunto e não contribuir para a confusão

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