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Santana e a espera pelos refugiados. "É uma questão de tempo, eles hão-de vir"

04 dez, 2015 - 15:43 • José Pedro Frazão

As conclusões da cimeira UE/Turquia e os atrasos na gestão da crise dos refugiados na Europa são alguns dos temas comentados esta semana por Pedro Santana Lopes e António Vitorino, no programa "Fora da Caixa" da Edição da Noite da Renascença.

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Santana e a espera pelos refugiados. "É uma questão de tempo, eles hão de vir".
Santana e a espera pelos refugiados. "É uma questão de tempo, eles hão de vir".

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Pedro Santana Lopes, assegura que a estrutura preparada para receber os milhares de refugiados definidos na redistribuição europeia vai continuar a preparar o acolhimento dos migrantes.

O comentador do programa "Fora da Caixa" responde ao cenário actual de espera pela chegada de migrantes. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras já reconheceu que poucos migrantes manifestam preferência por Portugal no quadro da recolocação na União Europeia. Portugal aguarda a chegada de apenas 50 dos mais de 4.700 refugiados que iria receber no âmbito do plano acordado nos 28.

"Em Portugal está tudo à espera. O que vai acontecer à estrutura? Vai ficar em 'stand by'. É uma questão de tempo, eles hão-de vir. Não estamos a pedir a suplicar para virem. Mas se [os migrantes] quiserem vir, a estrutura continua pronta, a trabalhar e a aperfeiçoar-se, se possível, para ser eficaz quando for chamada", garante Santana Lopes na edição desta semana do programa "Fora da Caixa" na Renascença.

O antigo primeiro-ministro fala no peso de "lideranças que vão surgindo nestes movimentos dramáticos e trágicos" que vão fazendo pressão em relação aos destinos dos refugiados. " São fenómenos que estão a ser acompanhados e merecem acompanhamento profundo", acrescenta Santana Lopes que descreve a situação como "complexa e de certa maneira insólita".

Muitos não sabem que Portugal existe

O antigo comissário europeu, António Vitorino, assinala que a Alemanha é o grande factor de atracção destes refugiados. Portugal surge como um país desconhecido ou com fracas condições de emprego, acrescenta o comentador da Renascença.

"Muitos não sabem sequer que Portugal existe ou onde é que é Portugal. Há que reconhecer também esse ponto. Não sabem do nosso clima, da nossa culinária, aí são eles que ficam a perder. Agora, há um critério muito importante para eles, o grau de inserção no mercado de trabalho onde já há comunidades de apoio que facilitam as coisas. Vamos ser objectivos, as informações nesta parte correm depressa. As oportunidades de trabalho num país que tem uma taxa de desemprego muito elevada serão menores que num país como a Alemanha que é um país economicamente mais pujante e com mais capacidade", afirma Vitorino.

Convergência com a Turquia

Os comentadores do "Fora da Caixa" sublinham ainda o bom entendimento expresso nos resultados da cimeira União Europeia-Turquia, realizada no último domingo em Bruxelas. A Turquia vai receber compensações para ajudar a conter o fluxo de refugiados que ali chegam, vindos da Síria e do Iraque. Em troca Bruxelas promete apresentar em quinze dias um plano para reinstalar os refugiados que estão na Turquia. O acordo implica a reabertura da negociação sobre os vistos de entrada de turcos na Europa e o retomar das negociações de adesão à União Europeia.

" Foi um acordo obtido em tempo recorde, negociado em seis semanas. Para padrões europeus é um tempo recorde", começa por sublinhar António Vitorino. O antigo comissário europeu dá conta dos relatos da reunião entre a União Europeia e a Turquia, que revelam que " o discurso do primeiro-ministro turco foi de três quartos a falar na adesão da Turquia à União Europeia e um quarto do tempo sobre as questões migratórias. Do lado europeu foi exactamente ao contrário, três quartos do tempo a falar da crise migratória e um 'quartozito' do tempo ali para falar da adesão da Turquia. O que revela que estão de todos de acordo, mas o grau de prioridades de uns e de outros ,mesmo estando de acordo sobre os temas, não é exactamente o mesmo".

Santana Lopes anota a convergência na generalidade dos assuntos discutidos entre ambas as partes.

"A Turquia está alinhada com a União Europeia e vice-versa neste momento critico da comunidade internacional", acentua o antigo chefe de governo que insiste nas consequências que podem surgir em função dos atrasos na gestão dos refugiados na Europa. O plano de reinstalação de refugiados que estão na Turquia pode ficar ainda tempo demais no papel.

"Os 15 dias são uma intenção lírica. Podem apresentar o plano, mas tudo isto está atrasado. E o Inverno ainda não apertou muito. Todos estes atrasos hão de ter consequências um dia destes", avisa Pedro Santana Lopes.

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