07 dez, 2015 - 19:03
Na próxima sexta-feira o PSD e o CDS avançam no Parlamento com projecto de lei que prevê a punição até dois anos de cadeia para quem abandone idosos nos hospitais.
O objectivo é evitar as situações de pessoas que são deixadas nos hospitais. A ideia foi aprovada no último conselho de ministros do Governo de coligação, mas acabou por não ser discutida na Assembleia da República devido à entrada em funções de um novo executivo.
Em declarações à Renascença, o responsável pela unidade de cuidados continuados e paliativos O Povorello, de Braga, considera que a medida faz sentido.
Frei Hermínio Araújo avisa que é preciso definir muito bem o que é afinal abandono, porque nem todas as situações devem caber nesta palavra.
Lembra que também ele, na instituição em que é responsável, se debate com situações de puro abandono e que mereciam uma resposta. O problema é que não há outra resposta.
“A nossa unidade de cuidados continuados funciona quase como uma espécie de lar. Não saem porque não temos onde as colocar. Teremos que encontrar outras soluções, nomeadamente lares”, defende Frei Hermínio Araújo.
Sandrina Vieira, assistente social da Fundação Domus Fraternitas, lembra que as famílias não se podem desresponsabilizar. Devem elas próprias procurar soluções para o acolhimento dos seus idosos.
“É preciso responsabilizar mais as famílias. Na nossa unidade longa, que tem uma grande componente social, acabam por deixar cá os utentes, não acompanhando as consultas, não fazem visitas, responsabilizar mais na procura de uma resposta num centro de dia”, defende a assistente social.
O abandono de idosos é um problema crescente em Portugal, um dos países mais envelhecidos países da União Europeia.
O abandono de idosos é situação frequente nos hospitais, por falta de serviços de rectaguarda, ou, noutros casos, por puro desinteresse das famílias.