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Portugal perde pontos na luta contra as alterações climáticas

08 dez, 2015 - 09:34

Pelo quinto ano consecutivo, o "Climate Change Performance Index" é liderado pela Dinamarca que ocupa o quarto lugar, visto que o índice não atribui os três primeiros postos por considerar não haver nenhum país merecedor do pódio no que respeita à protecção do clima.

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Portugal desceu dez lugares no desempenho contra as alterações climáticas, passando a ocupar o 19.º lugar entre os 58 países mais industrializados, segundo o índice "Climate Change Performance Index", apresentado esta terça-feira na Cimeira do Clima (COP21), em Paris.

A classificação baseou-se na comparação do desempenho de 58 países que são responsáveis, no total, por mais de 90% das emissões mundiais de dióxido de carbono actuais, explicou à Lusa Francisco Ferreira, um dos 300 peritos mundiais consultados no estudo da organização não-governamental ambiental GermanWatch e da Rede Europeia de Acção Climática.

"A razão da descida desses dez lugares está directamente relacionada com as emissões. Fomos bastante penalizados em relação aos novos dados que surgiram da FAO [agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura] no que respeita à desflorestação e à degradação da floresta. Fomos fortemente penalizados pelos incêndios que ocorreram em 2013", explicou à Lusa, em Paris, Francisco Ferreira.

O professor do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da Universidade Nova de Lisboa apontou, ainda, como razões da queda o uso de "bastante carvão na produção de electricidade" e o facto de Portugal ter tido, em 2013, "um abrandamento significativo" no uso de energias renováveis ainda que o país tenha tido uma melhoria no peso que as renováveis têm na energia primária.

Por outro lado, Portugal foi penalizado em termos de eficiência energética porque o produto interno bruto "até chegou a diminuir aquando da recessão económica", mas a quantidade de energia utilizada não diminuiu ao mesmo ritmo, ou seja, não houve "ganhos de eficiência".

Ainda que o país tenha melhorado na avaliação à política climática nacional graças ao recente Quadro Estratégico aprovado e ao Plano Nacional para as Alterações Climáticas, Portugal sai penalizado à escala internacional pelos atrasos na formalização do Fundo Verde do Clima.

"Portugal há dois anos, em Varsóvia, tinha assumido ser um campeão na área da eficiência energética. Infelizmente, não tivemos os progressos que seriam desejáveis, apesar de, à escala europeia termos sido o país que defendeu metas mais ambiciosas para a redução de emissões, para as energias renováveis e para a eficiência energética aquando da definição do pacote para 2030", continuou o especialista.

Francisco Ferreira considerou que o relatório deixa "uma leitura muito clara" da necessidade de uma "aposta maior nas energias renováveis" e de uma "atenção grande para evitar" os incêndios, estando optimista quanto à possibilidade de Portugal voltar aos lugares cimeiros do índice.

"Deixámos de estar no grupo dos bons. Passámos ao chamado grupo amarelo, o grupo dos moderados. Penso que Portugal tem capacidade de voltar a fazer - ou de continuar as opções certas que já fez em determinadas alturas e que depois viriam a ter os seus resultados - num futuro mais próximo", concluiu o especialista, considerando que "com o novo governo é uma excelente chamada de atenção para não deixar cair algumas opções climáticas na área da mitigação" e "na área da adaptação no que diz respeito aos incêndios".

Pelo quinto ano consecutivo, o "Climate Change Performance Index" é liderado pela Dinamarca que ocupa o quarto lugar, visto que o índice não atribui os três primeiros postos por considerar não haver nenhum país merecedor do pódio no que respeita à protecção do clima.

A COP21, que decorre até sexta-feira, reúne em Paris representantes de 195 países, que tentarão alcançar um acordo vinculativo sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa que permita limitar, até 2100, o aquecimento da temperatura média global da atmosfera a dois graus centígrados acima dos valores registados antes da revolução industrial.

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  • Paulo
    08 dez, 2015 vfxira 12:20
    A antiga ministra da agricultura não terá a sua cota de culpa? Fica a pergunta.

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