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São José. Antes de David morreram mais quatro doentes na mesma circunstância

24 dez, 2015 - 07:49

A imprensa revela que o Estado e os médicos do hospital podem ser julgados por homicídio. Mas outra manchete diz que a troika cortou na saúde o que injectou no Banif.

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O jovem, de 29 anos, que morreu depois de esperar três dias por uma cirurgia que era urgente, não foi a primeira vítima do facto de o Hospital de São José não ter equipa de neurocirurgia preparada para lidar com casos de aneurismas rotos ao fim-de-semana.

Segundo o “Expresso”, desde 2014 já morreram outras quatro pessoas pelas mesmas razões. Fonte do hospital, citada pelo semanário, diz que os outros casos só não deram a mesma polémica que o de David Duarte porque se tratava de pessoas “menos jovens, com familiares menos proactivos, tendo, por isso, passado despercebidos”.

O caso mais recente terá sido ainda este ano, de uma sexagenária. Em todas as situações havia fortes possibilidades de sobreviver em caso de intervenção imediata, diz a mesma fonte.

O caso de David, que foi internado numa sexta-feira ao fim do dia com diagnóstico de ruptura de aneurisma no cérebro e indicação de que tinha de ser operado com urgência, mas teve de esperar até segunda-feira para ser operado porque a equipa daquele hospital não faz fins-de-semana desde que o anterior Governo cortou nas horas extra, é também tema em “Diário de Notícias”. Segundo o jornal, tanto o Estado como os próprios médicos do São José podem vir a ser julgados por homicídio.

A procuradoria-geral da República abriu um inquérito e caso se prove que a falta de escala de médicos foi a causa, pode-se justificar uma acusação de negligência médica, omissão de auxílio ou homicídio por negligência.

Durante os três dias em que David Duarte esteve internado não se equacionou a possibilidade de chamar a equipa médica especializada para o operar, nem de pedir ajuda a outro hospital, uma vez que segundo os especialistas a transferência para um hospital que tivesse equipa de prevenção era considerado demasiado arriscado.

Um Banif de cortes na saúde

Independentemente das responsabilidades individuais, a raiz deste problema está nos cortes na saúde, que levaram enfermeiros e médicos da equipa especializada a recusar estar de prevenção ao fim-de-semana. Este dado ganha relevância à luz da revelação, feita esta quinta-feira pelo jornal "i", de que a troika cortou na saúde cerca de 1,5 mil milhões de euros, a mesma quantia que foi injectada no Banif, apesar de esta ter vindo posteriormente a entrar em colapso à mesma, obrigando a um resgate estatal.

O Conselho de Administração do Hospital de São José abriu um inquérito para apurar o que realmente aconteceu.

A tutela anunciou que pediu à administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central e à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde para apurarem eventuais responsabilidades do Hospital de São José na morte de um doente.

Comentários
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  • Pedro Moreira
    24 dez, 2015 Porto 13:30
    Lá vem a velha mania portuguesa de misturar alhos com bogalhos. Neste caso os cortes tb aconteceram no norte e centro e as equipas continuam a trabalhar, por isso a justificação nao colhe. Tal como o hospital de Santarém nao tinha condiçoes para opera o doente, o Hosp. de Sao José tb não tinha, por isso o mesmo não poderia ter sido encaminhado para ali, deveria ter sido enviado para outro na zona, o Egas Moniz, por exemplo. E se aqui tb nao fosse possível, deverai ter ido para Coimbra ou Porto, onde chegaria em 2 ou 3 horas. Houve manifesta falta de avaliaçlºao da situação e houve depois inépcia para a resolver. Neste caso há q saber se, uma vez q o doente foi aceite, se contactou alguma equipa do mesmo hospital ou de outro para a intervenção cirúrgica; se esta ou aquela se recusou; se houve recusa quem quem foi o responsável pela mesma; se se fizeram esforços por perceber se o doente ainda que com algum risco poderia ter sido transferido para outra unidade... O problerma dos cortes e da recusa dos enfermeiros e pessoal de radilologia em fazer o serviço é outra questão, é só perceber como é q foi resolvida pelas ARS no resto do país. Eles nao são mais nem menos do que os outros, seguramente haverá soluçao para isso.
  • scp
    24 dez, 2015 São Brás de Alportel 12:11
    Aceito que lutem pelos vossos direitos, mas negar assistência médica, seja qual for o dia da semana, isso já não posso aceitar. Metam as vossas mãos na vossa consciência, actuem como verdadeiros profissionais!!!!
  • Americo
    24 dez, 2015 Leiria 11:36
    Segundo li no expresso, não há o serviço em causa, porque os srs. enfermeiros recusam fazer o serviço de prevenção (sem presença física no Hospital), bem como os médicos, porque só recebem 130,00 e 250,00€, respectivamente pelas 24 horas de prevenção. A ser verdade, só pergunto porque é que estes srs ainda não estão presos ? Estes srs. enfermeiros e médicos, deveriam ser enviados para África. Aí sim, talvez soubessem quanto nobre é a sua profissão e que os mesmos são indignos de a exercer.
  • Vasco Ferreira
    24 dez, 2015 Lourinhã 11:19
    Se a justiça funciona-se e se os portugueses fossem mais interventivos e não se acobardassem tanto talvez esta e outras situações como os casos da banca e etc etc não tínhamos chegado a este descalabro peço desculpa pela forma como utilizo a expressão acobardar mas isto é o que me vai na alma sinto-me triste e envergonhado.
  • asdfghj
    24 dez, 2015 dfghjksadfghj 11:19
    se os médicos e enfermeiros não querem trabalhar é dar lugar a outros que nem se importavam de trabalhar e mais barato queria m era trabalhar porque estes velhos estao agarrados a mama e nao deixam os novos trabalhar.
  • 24 dez, 2015 11:13
    Não ponham bancos à mistura nesta questão. Como já foi adiantado o problema no hospital de São José foi falta de organização de escalas e reunir a equipa no bloco. Se quisessem ajudar os que morreram no São José tinham pelo menos contactado e averiguado outros hospitais. Mais valia terem ido para Coimbra.
  • beatriz
    24 dez, 2015 algarve 09:50
    O que eu não consigo entender é se não havia urgência dessa especialidade nesse fim de semana (ou ainda pior todos os fins de semana ) então "porque raio" levaram o doente para lá? Será que em Lisboa não havia nenhum outro hospital com essa especialidade?????? É que estamos a falar da Capital do país e não de qualquer outra cidade do país. Haja vergonha e responsabilidade perante a saúde!!!!
  • Luis
    24 dez, 2015 Lisboa 08:37
    Sendo assim, estamos perante cinco crimes por homicidio involuntario.Digo eu. Se há crime, tem que haver criminosos e há e muitos. Todos terão que ser devidamente julgados. E todos por homocidio involuntario. Não pode haver excepções. Nada de responsabilidades politicas. Todos sabemos o que foi ir para "além da troika". Todos sabemos o que foi cortar a torto e a direito a uns indiscriminadamente para proteger outros. Chegou a hora de começar a exigir responsabilidades criminais a toda a corja que nos tem governado nestes 40 anos e que destruiu Portugal.

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