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Ex-ministro alertado desde 2013 para problemas no Hospital S. José

25 dez, 2015 - 14:57

Falta de tratamento a aneurismas cerebrais durante os fins-de-semana era do conhecimento do antigo Governo.

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Os problemas com o tratamento de aneurismas cerebrais durante os fins-de-semana no Hospital de S. José já tinham sido alvo de alerta, pelo menos desde 2013, quer por requerimentos do Bloco de Esquerda, quer em notícias na imprensa.

Os requerimentos entregues pelos partidos políticos no Parlamento sobre o hospital de S. José mostram que o Bloco de Esquerda alertou quatro vezes, desde 2013, o Ministério da Saúde sobre a falta de tratamento dos aneurismas cerebrais no hospital de São José aos fins-de-semana e que agora terá causado a morte do jovem David Duarte, avança a agência Lusa.

Também o "Diário de Notícias" chamou a atenção para a gravidade da situação a 26 de Janeiro de 2015 ao noticiar em primeira página "São José sem tratamento para aneurismas ao fim-de-semana".

O BE questionou o Governo PSD/CDS em Junho de 2013 sobre o problema da escala de Neurorradiologia de Intervenção no Centro Hospital de Lisboa Central/CHLC (que integra São José), tendo o gabinete do ministro Paulo Macedo reconhecido o problema e respondido esperar que "este constrangimento esteja ultrapassado brevemente".

Novo aviso no início de 2015

Em novo requerimento ao ministro, a 30 de Janeiro de 2015, o BE refere que, volvido mais de um ano, a situação "não só não foi ultrapassada como se deteriorou", já que, em meados de 2014, o hospital de São José deixou de ter equipa de Neurocirurgia Vascular ao fim-de-semana.

"Como tal, desde então, todas as pessoas que dêem entrada nesta unidade hospitalar com aneurisma a partir de sexta-feira às 16h00 terão de aguentar até ao dia útil seguinte (segunda-feira) para tratar do aneurisma. Esta é uma situação desadequada do ponto de vista clínico que pode sujeitar os doentes a consequências graves e irreversíveis", refere o requerimento apresentado.

No documento de Janeiro de 2015, os então deputados do BE João Semedo e Helena Pinto alertam novamente sobre a falta de assistência aos doentes com aquela patologia ao fim-de-semana, lembrando que após o corte imposto em 2013 no pagamento de horas extraordinárias a todos os funcionários públicos, a equipa de neurorradiologia de intervenção recusou continuar a assegurar a escala de fim de semana porque "implicaria estarem 48 horas sempre disponíveis a um preço inaceitável".

O BE entrega novo requerimento a 23 de Março de 2015 ao constatar que o Governo "não responde a grande parte das perguntas endereçadas no prazo regimental de 30 dias" e depois de o gabinete do Ministro da Saúde ter dito esperar que "este constrangimento esteja ultrapassado brevemente".

A 27 de Maio, o BE procede a novo reenvio da pergunta "Tratamento dos aneurismas cerebrais no hospital de São José", alegando que o Governo insiste em não responder a "grande parte das perguntas endereçadas" e que o prazo de resposta "se encontra ultrapassado".

"Urge aferir quais os procedimentos que vão ser adoptados para resolver esta situação, de modo a assegurar o tratamento de aneurismas ao fim de semana, seja no hospital de São José seja garantindo a transferência dos doentes para outra unidade onde o procedimento se efectue", lê-se no requerimento da então deputada Helena Pinto.

Governo sem registo de reclamações

A 29 de Setembro de 2015, o gabinete do ministro Paulo Macedo responde ao BE, dizendo que, segundo o Conselho de Administração do CHLC, não houve conhecimento de qualquer queixa ou reclamação, através do gabinete utente/cidadão, relativamente à não realização de cirurgia de embolização precoce.

Quanto à transferência de doentes para outras unidades hospitalares, o gabinete de Paulo Macedo esclarece que esta é "de facto limitada na medida em que, a imobilização e transporte na fase aguda da hemorragia subaracnoídea por aneurisma roto, não se revela como a mais adequada conduta médica".

"O CHLC poderá, no entanto, ter de recorrer à transferência dos doentes, em casos de necessidade extrema que em função de análise de risco/benefício, não se verificou desde Abril de 2014", responde Luís Vitório, chefe de gabinete do ministro.

Após a morte de David Duarte, o Ministério Público abriu inquérito para apurar eventuais responsabilidades criminais enquanto o CHLC instaurou um inquérito interno para averiguar esta e outras mortes imputadas à falta de assistência médica a doentes com esta patologia durante o fim-de-semana.

Comentários
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  • maria
    27 dez, 2015 londres 10:49
    Se Paulo Macedo, deve ter que responder como um crime que cometeu..e ser preso...
  • Calma
    26 dez, 2015 Lisboa 17:33
    Aquilo a que vamos muito provavelmente assistir é à responsabilização perante a Justiça criminal, por homicídio negligente. Não tenho grandes dúvidas em relação a isso. Estas coisas não ficam sem resposta. A circunstância de, por vezes, não terem visibilidade e eco na Comunicação Social não significa que fiquem impunes.
  • fanã
    26 dez, 2015 aveiro 12:23
    Preventiva em Évora para este ".................Sr.e Srs."........................Já!
  • Luis
    26 dez, 2015 Lisboa 10:04
    As politicas foram criminosas e como tal resultaram em crimes. Os responsáveis são muitos. Como é? Vamos assistir continuamente à treta das "responsabilidades politicas"? Há que julgar criminalmente. Enquanto toda esta gajada não começar a ser julgada criminalmente este País não tem solução e qualquer atrasado mental se reconhece com comptência para governar o País. Ultimamente Portugal tem tido governantes dos quais alguns nem capacidade têm para gerir uma pequena mercearia de bairro.
  • Fernando
    25 dez, 2015 Águasa Santas 20:08
    Fica assim a nú a total incompetencia do último governo. Nem o papalvo ministro da saúde com ares de defunto, arauto da sisudez cinzentona como convém a um ignorante, escapa ao escrútinio do tempo. Vergonha nossa, já que ganharam as eleições. No fundo os responsáveis pelas mortes que aconteceram somos nós todos.
  • Natal para todos!
    25 dez, 2015 Lisboa 15:49
    O que acontece ou aconteceu no Hospital de São José, acontece infelizmente em todos os Hospitais do Pais! É revoltante ver-se a indiferença para com os doentes... Se vão para o hospital de certeza que não é para se divertirem e darem trabalho a quem lá trabalha. A parte humana de muitos que lá trabalham não existem. Há bons e maus funcionários e por onde ando por vezes vejo muitos bons funcionários mas também muito maus. Há varias razões para isso acontecer, como por exemplo há muitos auxiliares, médicos e enfermeiros que trabalham por empresas que são "empreiteiros" dos hospitais - mão de obra bem mais barata e sem responsabilidades para quem os contrata, sente-se em quem trabalha tristeza, revolta e por vezes indiferença. Assim não vamos a lado nenhum! Há uma mistura de coisas más nestes hospitais do Pais que depois põem em causa a saúde e a vida de quem entra nas urgências. Não posso esquecer que os governos deste Pais têm dado prioridade em "injectar" dinheiros públicos em Hospitais privados e depois falta esses milhões nos Hospitais públicos, estando desde os últimos anos os Hospitais publicos a perder qualidade... para mim são mercenários da saúde
  • TONI
    25 dez, 2015 LX 15:37
    Mas quais cortes? São meia duzia de casos e para as urgencias tem de haver sempre dinheiro. É pura incompetencia, deviam-se demitir todos. O INEM sabia que era um AVC e levou o moço para Santarem onde nao ha. Esteve la quatro horas para que? O Hosp Santarem tb sabia que em S Jose nao havia. Porque nao foi para Coimbra? Ou a um privado? Fica mais barato ao Estado do que ter uma equipa medica de prevenção todo o ano para poucos casos. Se o medico nao quer trabalhar ao fds paciencia, vai-se buscar outro, ou são donos daquele posto de trabalho e da vida das pessoas daquela regiao? Porquê esta rigidez burocratica? Uma pessoa do norte de Santarem por exemplo fica mais perto de Coimbra que de Lisboa. Se houver um sismo ou um ato terrorista grande também vao ver onde a pessoa pertence? Quando se vai ao balcao de um banco trata-se de tudo seja no Minho ou no Algarve. Porque o SNS não funciona assim e temos de ir ao centro de saude da residencia mesmo para uma simples vacina? Não é por falta de dinheiro de certeza. Isto é um pais pequeno com boas autoestradas e helicopteros (porque nao foi usado?), bastava um sistema flexivel com uma informatica unificada e 4 grandes hospitais modernos com tudo (Faro, Lisboa, Coimbra, Porto) por 800 milhoes e boa articulação com os "balcoes" e com os prestadores privados. ORGANIZEM_SE!

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