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Conselho Nacional de Educação contra fim de exames no 6.º e 9.º anos

07 jan, 2016 - 18:18

CNE pede mesmo mais uma prova no 9.º ano. Exames do 4.º ano, já eliminados, devem ser substituídos por provas de aferição, defende o organismo.

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O Conselho Nacional de Educação (CNE) propôs esta quinta-feira a criação de um novo exame no 9.º ano, de literacia científica, e defendeu a manutenção de exames com peso na classificação dos alunos no final do 2.º e 3.º ciclos.

Em conferência de imprensa para apresentar um parecer do CNE sobre avaliação externa (provas finais e exames), o presidente do organismo, David Justino defendeu a introdução de um terceiro exame de avaliação no final do 3.º ciclo de escolaridade (9.º ano), que se juntaria aos já existentes de Português e Matemática.

A nova prova do 9.º ano seria “um teste que integra conhecimentos vários na área das ciências, com uma abordagem mais integrada dos conhecimentos”, explicou Justino.

A avaliação da literacia científica poderia também contrariar aquilo que o CNE apelidou de “estreitamento curricular”, decorrente da “excessiva importância” dada nos últimos anos à avaliação do desempenho a Português e a Matemática, e que levou à desvalorização de “outras matérias”, até porque, cada vez mais, as escolas orientam o seu trabalho para a obtenção de resultados.

O parecer do CNE sucede a um relatório técnico sobre a mesma matéria, no qual o Conselho, através de uma comparação de resultados desde a introdução dos exames e provas finais no ensino básico, concluiu que a avaliação externa teve um impacto residual nos chumbos dos alunos e até mesmo nas classificações negativas às disciplinas avaliadas.

O parecer decorre de uma solicitação da comissão parlamentar de Educação e Ciência a propósito de propostas de projecto de lei do PCP e do Bloco de Esquerda (para a eliminação das provas finais do 1.º ciclo) e do PCP (que propõe também o fim dos exames no 2.º e 3.º ciclos).

Aferição no 4.º ano

O documento do CNE é concluído já depois de o Parlamento ter votado favoravelmente na generalidade, com os votos das bancadas de esquerda, o fim dos exames do 1.º ciclo (4.º ano de escolaridade). “Essa aprovação funcionou como condicionante, porque já nos estávamos a pronunciar sobre um facto praticamente consolidado”, reconheceu David Justino.

Para o 4.º ano o CNE propõe, ainda assim, que não se elimine por completo a avaliação externa, e que as provas finais “possam ser substituídas por provas de aferição sem qualquer ponderação na classificação final dos alunos, mantendo-se o seu carácter obrigatório”.

David Justino não deixou de sublinhar que há diferenças entre exames com peso na classificação final ou apenas provas de aferição. “Em exame, o grau de mobilização de alunos, pais, escolas, recursos, é muito maior. Levam aquilo a sério. Nas provas de aferição isso não se verifica”, disse.

“Pára-arranca” legislativo

David Justino critica as constantes mudanças normativas em relação à avaliação externa, que não trazem a estabilidade e a credibilidade necessária. Apela, por isso, a um compromisso entre as várias forças políticas para evitar sucessivas alterações sem que se faça qualquer avaliação das medidas em prática.

A tomada de decisões “não se pode regular pelo ‘vox populi’ ou pelo ambiente de campanha”, diz Justino. “Não podemos andar neste pára-arranca”.

“A existência de avaliação externa no final de cada ciclo do ensino básico é algo instituído e entendemos que é um adquirido que não deve ser desperdiçado."

Comentários
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  • Maria da Bandalheira
    08 jan, 2016 smatias 17:23
    A melhor soluçao é a extinçao de todos os exames até ao 12º ano. Esta soluçao inovadora no ensino superior nos cursos de 1º ciclo (3 anos) (em prática em algumas univs privadas e com óptimos resultados- todos saem com excelentes notas). Basta ver que uma maioria de países já nem pratica essa aberraçao dos exames.
  • Fatima
    08 jan, 2016 Sintra 15:29
    Tenho já filhos criados e formados com cursos bem difíceis. Se não tivesse sido exigente na educação deles,a fim de compreenderem, que na vida temos de trabalhar sempre para os melhores resultados. Eles hoje não seriam o que são,(responsáveis,autônomos,e trabalhadores,) Nem saberiam como fazer frente às dificuldades com que se deparam,e até aceitá-las, procurando sempre dar soluções,a todos os desafios da própria vida. Não lhes fez mal nenhum que aprendessem desde muito pequenos a sentirem o peso da responsabilidade de tudo o que faziam.(1º em casa,e depois na escola) Por tudo isto,acho que os pais e professores deveriam estar mais atentos ao progresso e desenvolvimento das crianças,com avaliações frequentes,meramente desportivas,que os insentivasse a trazer melhores resultados,e a trabalharem com vontade própria,numa competição saudável. Muitos pais acham que a carga escolar é muito pesada. E a tecnologia acham que é fácil ? Com menos computadores e telemóveis ,as crianças passam a ter mais tempo para trabalho e atividade escolar. OS PAIS TEEM QUE SER TAMBÉM, MAIS EXIGENTES.

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