18 jan, 2016 - 10:12
Mais de 90% da população portuguesa tem baixo acesso às unidades de internamento da rede nacional de cuidados continuados integrados e as situações mais graves estão no Norte e na Grande Lisboa, revela esta segunda-feira um estudo da entidade reguladora.
O número de camas para satisfazer as deveria ser 14.640, mas nem metade desta meta foi atingida, sendo o caso dos cuidados de convalescença o mais gritante, com 95% dos portugueses a apresentarem dificuldade de acesso.
O estudo "Acesso, qualidade e concorrência nos Cuidados Continuados e Paliativos", da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), identificou "um acesso baixo", de 93% da população, a todas as unidades de internamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), o que significa que o "número de camas é insuficiente face às metas estabelecidas".
Nestas unidades de internamento da rede, são consideradas desde as Unidades de Cuidados Paliativos (UCP), de baixo acesso para 81% dos portugueses, até às Unidades de Convalescença (UC), praticamente inacessíveis a 95%, passando ainda pelas unidades de média duração e reabilitação (UMDR) e de longa duração e manutenção (ULDM).
Ainda assim, a ERS destaca que, em 2015, se verificou um aumento de 19% no número de unidades de internamento, face a 2013.
Portugal com maior taxa de cuidadores informais na Europa
Portugal é o país da Europa com maior taxa de cuidadores informais a prestar cuidados continuados e paliativos e com uma das mais baixas taxas de cobertura de cuidados prestados por profissionais.
Os cuidadores informais são pessoas sem preparação nem qualificação para desempenhar essas funções, geralmente alguém que reside com o doente em situação de dependência, normalmente um familiar ou uma pessoa amiga.
Uma das principais razões apontadas no estudo é a falta de cuidadores formais, o que configura uma limitação no acesso a cuidados continuados de qualidade.
A ERS conclui que Portugal tem a maior taxa de cuidados domiciliários informais da Europa, a menor taxa de prestação de cuidados não domiciliários e uma das menores taxas de cobertura de cuidados profissionais.
O estudo indica ainda que a despesa pública relativa aos cuidados continuados está abaixo da média europeia, embora tenham vindo a crescer.