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Guterres. O candidato de "currículo imbatível" pode liderar a ONU, mas chegar lá "implica trabalhar”

26 jan, 2016 - 14:18 • André Rodrigues , Pedro Mesquita

António Monteiro, antigo embaixador de Portugal junto da ONU, não tem dúvidas de que António Guterres tem perfil para assumir a liderança da ONU. Ana Gomes concorda, mas sublinha que a candidatura exige muito trabalho.

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O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros António Monteiro considera que António Guterres tem o prestígio necessário para chegar a secretário-geral das Nações Unidas.

A rotatividade geográfica sugere a escolha de um candidato proposto pelo leste europeu e há muito, também, que é sugerida a escolha de uma mulher para a sucessão de Ban Ki-moon. São dois critérios que Guterres não cumpre, mas que António Monteiro desvaloriza, por se tratar de critérios não escritos. "Não são critérios absolutos e há muitas hipóteses para o engenheiro António Guterres", sublinha o diplomata à Renascença.

A antiga secretária de Estado da Defesa Mónica Ferro, especialista em matérias relacionadas com as Nações Unidas, explica que a origem do secretário-geral está convencionada segundo uma lógica de rotatividade de blocos geográficos que, apesar de não ser oficial, "está consolidada na prática". Por outro lado, o cargo nunca foi desempenhado por uma mulher "e é natural que a ONU queira passar à prática o princípio da igualdade plasmado na própria carta das Nações Unidas".

António Monteiro, que foi embaixador de Portugal junto da ONU, defende que as Nações Unidas precisam é de “um secretário-geral à altura, que tenha as qualificações, o prestígio e o currículo necessários para garantir à organização o papel que deve ter". E António Guterres “tem um currículo imbatível".

"Altíssimas possibilidades", mas há que trabalhar

Também Ana Gomes, que assumiu funções na representação portuguesa permanente junto da ONU, acredita que o ex-primeiro-ministro tem reais possibilidades de vir a ocupar o cargo de secretário-geral.

“As informações que tenho em meu poder são de que, de facto, ele tem altíssimas possibilidades, mas isso implica trabalhar”, sublinha a eurodeputada socialista, em declarações à Renascença

“Independentemente de outras candidaturas que poderão anular-se umas às outras, e de ele estar no sítio certo, no momento certo, a verdade é que é preciso fazer um trabalho de informação junto daqueles que são os principais decisores. Não tenhamos ilusões, estes são os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, em particular americanos e russos”, insiste Ana Gomes.

Mónica Ferro assinala que "Guterres tem um capital de trabalho e de notoriedade que faz dele um candidato muito bem posicionado. Com certeza que estes últimos anos em que foi alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, mostraram que é uma pessoa de fibra, com capacidade para pôr os temas das Nações Unidas na agenda e para tentar encontrar soluções para eles".

Mas a tarefa não se adivinha fácil. Mónica Ferro sublinha que "a paz e a segurança são a agenda fundamental" do futuro próximo da organização. A docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa considera que, nesse particular, "Guterres já está muito talhado para trabalhar esse tipo de matérias".

A especialista lembra que "arranca este ano a nova grande agenda da cooperação para o desenvolvimento sustentável das Nações Unidas", associada a uma outra agenda que é "transversal aos 70 anos da ONU e que visa recuperar uma imagem de acção, de credibilidade".

Numa altura em que a crise dos refugiados se intensifica, fruto dos conflitos no Médio Oriente, seja com a guerra na Síria, seja com a escalada de tensão resultante do corte de relações entre a Arábia Saudita e o Irão, "há outra questão de profunda complexidade que o próximo secretário-geral terá de enfrentar e essa tem que ver com a ameaça global do terrorismo". Considerando todos os factores conjugados, "não são desafios pequenos. Mas Guterres está habituado a enfrentá-los".

O antigo primeiro-ministro António Guterres afirmou esta segunda-feira que a sua candidatura a secretário-geral da ONU, que vai ser apresentada pelo Governo, "não é fácil", é uma "obrigação" para colocar a experiência ao serviço de causas nobres.

Num comunicado divulgado na semana passada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Governo anunciou que vai apresentar a candidatura de António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas.

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Comentários
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  • prof. Martelo
    26 jan, 2016 Algodres 17:43
    Guterres dava um bom PR, só isso!
  • Antonio
    26 jan, 2016 Cascais 16:53
    Aquela parte em que ele designa o País por pântano depois de pesada derrota eleitoral em 2001e resolve fugir e ir-se embora da governação obrigando a eleições antecipadas também consta do currículo?

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