28 jan, 2016 - 13:18 • João Carlos Malta
Veja também:
O Automóvel Club de Portugal assegura que, mais do que um “projecto de arquitectura paisagística”, está em causa “a segurança e os peões” na 2ª Circular. “A segurança vai piorar substancialmente para quem percorre aquela via”, pode ler-se num parecer de seis páginas da associação liderada por Carlos Barbosa, divulgado esta quinta-feira.
O ACP defende que a retirada dos actuais separadores metálicos e a substituição por um lancil de passeio de 30 centímetros será perigosa. “Este lancil não consegue parar nenhuma viatura, pelo que o atravessamento da via, em caso de acidente, é mais do que certo”, argumenta.
A associação explica ainda que se actualmente, por não haver muitos peões na via, não há grandes “tentativas de atravessamento”, a situação poderá ser alterada pelo novo projecto. Na opinião do ACP, a colocação de passeios laterais e de “uma plataforma no meio com largura suficiente para albergar peões”, vai fazer com que haja mais facilidade em “arriscar a travessia”.
A escolha da espécie “Lodão Bastardo” para plantar mais de 500 árvores no separador central da via também merece reparo. “A queda da folhagem cobre as vias de rodagem (transformando-as em vias rápidas de despiste), entope sarjetas e os frutos serão autênticas cantinas para milhares de pássaros”.
60 km/h “não vai ter impacto”
A ACP diz que a redução da velocidade de 80km/h para 60 km/h “não vai ter qualquer impacto”. E apresenta contas: “Nas horas de ponta apenas 2% consegue ultrapassar os 60 km/h, razão porque a média é de cerca de 40 km/h. Promete-se 1% de aumento!”, lê-se no documento.
E acrescenta: “Fora das horas de ponta é o inverso, só 2% passa abaixo dos 60 km/hora e os restantes a 40% acima dos 80 km/hora”. “Com os radares a manterem a velocidade constante, esta apenas sobe 1%”, sublinha o parecer do ACP. E conclui que: “O nível de congestionamento vai ficar praticamente igual com um custo elevadíssimo”.
12 intervenções para chegar a 20%
O ACP sublinha ainda que o projecto carece de vários pressupostos “para que possa ser realizado sem prejudicar severamente a mobilidade e a segurança das pessoas”. De seguida, elenca uma série de 12 intervenções necessárias nas rodovias da cidade e sem as quais não se conseguirá reduzir o trânsito na 2ª Circular em 20%, como promete a autarquia.
“Sem estas obras (…) é impossível reduzir em 20% o tráfego que hoje circula na 2ª Circular”, refere o ACP.
Por fim, é ainda apontado como um “erro grave” ao estudo da Câmara de Lisboa por não considerar o aumento de tráfego associado ao crescimento de passageiros no aeroporto da Portela (atingiu os 20 milhões de euros) e o aumento do número de trabalhadores (mais quatro mil).