07 fev, 2016 - 23:48
O empresário José Veiga, detido desde quarta-feira por suspeita dos crimes de corrupção, tráfico de influências e participação em negócio, entre outros, vai conhecer as medidas de coacção na segunda-feira, disse o seu advogado.
Segundo o advogado do detido, Rogério Alves, José Veiga "quis estar a depor" e esteve "tranquilo e colaborante". "Todas as medidas de coacção são possíveis", considerou, em declarações aos jornalistas, à saída do Palácio da Justiça, em Lisboa.
Rogério Alves considera que a intervenção do seu cliente "enriqueceu muito o material probatório e indiciário" da investigação, que está "bem feita, com factos bem analisados e bem fundamentados".
Na quarta-feira, e no âmbito do mesmo processo, foram ainda detidos o advogado Paulo Santana Lopes e uma advogada, que também já foram ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), existem suspeitas dos crimes de corrupção no comércio internacional, branqueamento de capitais, tráfico de influência, fraude fiscal e participação económica em negócio na compra e venda de acções de uma instituição financeira estrangeira, acções detidas por uma instituição de crédito nacional.
A investigação tem dimensão internacional, apresentando ligações com os continentes europeu, africano e americano, acrescenta uma nota da PGR adiantando que esta a ser também investigada a origem de fundos movimentados noutros negócios em que são intervenientes os suspeitos, nomeadamente, a celebração de contratos de fornecimento de bens e serviços, obras públicas e venda de produtos petrolíferos.
No âmbito de um inquérito, dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) realizaram-se na quarta-feira várias diligências, designadamente cerca de três dezenas de buscas a domicílios e sedes de empresas, a uma instituição bancária e a três escritórios de advogados.
Os detidos, alegadamente, celebravam contratos de fornecimento de bens e serviços relacionados com obras públicas, construção civil e venda de produtos petrolíferos, entre diversas entidades privadas e estatais.
Os proventos gerados com esta actividade eram utilizados na aquisição de imóveis, veículos de gama alta, sociedades não residentes e outros negócios, utilizando para o efeito pessoas com conhecimentos especiais e colocadas em lugares privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e integrando-o na actividade económica lícita, acrescenta o documento.
Na operação foram ainda apreendidos vários imóveis, viaturas de alta gama e saldos bancários.