Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

INEM. Presidente demitido diz-se vítima de "saneamento político"

16 fev, 2016 - 14:54

Presidente do INEM demitido pelo ministro da Saúde garante que vai contestar a decisão na justiça e diz ter provas para vencer o processo. Nega ainda conhecer a doente transportada no helicóptero.

A+ / A-

O presidente do INEM, demitido pelo ministro da Saúde, vai agir administrativa e criminalmente contra os agentes que actuaram no processo, que conduziu ao seu afastamento do cargo, incluindo anterior equipa ministerial. Paulo Campo diz ter sido alvo de um “saneamento político”.

Em conferência de imprensa, Paulo Campos, que segunda-feira foi afastado do cargo de presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), por recomendação da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), assegurou que, pelos factos provados, se verifica que actuou bem.

Paulo Campos acusa mesmo o anterior secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, de o ter “proibido de falar” de cada vez que quis vir a público defender-se.

Entre os vários agentes que Paulo Campos tenciona processar, encontra-se a anterior equipa do Ministério da Saúde, dirigida por Paulo Macedo.

“Todas as pessoas que tiveram intervenção neste processo e que estão aqui identificadas e que conduziram isto no sentido que nós entendemos que não é o adequado, naturalmente que os vamos citar no processo para que se possa fazer justiça. A equipa ministerial anterior estará incluída neste grupo”, afirmou.

Relativamente ao actual ministro da Saúde, Paulo Campos afirmou compreender que “confrontado com esta decisão nestes termos tenha tomado esta decisão”.

“Um ano de ataque” à honra

Relativamente à investigação da IGAS sobre a actuação de Paulo Campos na alegada interferência que este terá tido no transporte de uma doente, em helicóptero do INEM, do Hospital de Cascais para o de Abrantes, o responsável sublinha que nada daquilo de que foi acusado publicamente em notícias de jornais se comprovou.

“Acusaram-me durante um ano de ter transportado uma doente amiga, ficou provado no processo que a doente não é minha amiga nem sequer é minha conhecida, acusaram-me de transportar uma doente terminal, ficou provado no processo que a doente não era terminal, era uma doente crítica que precisava de tratamento, aliás precisava daquele tratamento até 48 horas antes de ele acontecer, que foi quando pudemos propor esse transporte”, afirmou.

Segundo Paulo Campos, a doente nem foi retirada do hospital por sua exclusiva iniciativa, “houve concordância explícita para que se pudesse fazer esse transporte”.

Quanto a acusações de ter gasto dinheiro ao erário público, Paulo Campos refere que ficou provado no processo que não houve prejuízo financeiro, que “não se gastou mais um cêntimo”, porque há um plafond de 1.500 horas de voo por ano e em 2015 gastaram-se 1.200 horas, aquém do que está pago.

“A questão que se põe aqui é afinal de que é que me acusam”, considerou, afirmando que houve “um ano de ataque” à sua honra e dignidade, que não lhe foi possível defender, por ter sido sempre “silenciado”.

“A cada tentativa que fiz de marcar entrevistas para falar e defender a minha honra, e tenho prova disso escrita, fui silenciado durante todo o tempo com e-mails do dr. Leal da Costa, à data secretário de Estado Adjunto, que me impediu de falar em público, explicitamente com ordens directas para eu não falar do assunto em público, que é a mesma entidade, enquanto entidade, que manda este processo para investigação, portanto façam o vosso juízo de valor sobre isto”, acusou.

Os acontecimentos na versão de Paulo Campos

Sobre o seu procedimento relativamente à doente em causa, o ex-presidente do INEM contou que tomou conhecimento de uma reclamação feita pela família da doente que entendeu que esta estava a ser maltratada no hospital.

Era sexta-feira à noite e não havia nenhum médico disponível para acorrer à situação, razão que o moveu ao local, onde encontrou a doente num corredor das urgências, amarrada a uma maca, com uma máscara invasiva e com a prótese dentária colocada.

Esta doente esteve, além disso, medicada durante 48 horas com um antibiótico que não era indicado, o que ficou também provado, afirmou Paulo Campos, considerando ter havido negligência médica e lamentando a omissão deste aspecto no relatório da IGAS.

“Houve perda de chance de tratamento, foram 48 horas de uma doente perdida numa urgência”, disse, frisando que “se não tivesse tido aquela atitude, hoje estaria acusado de homicídio por negligência”.~

[Notícia actualizada às 18h51]

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Antonio Antonino
    16 fev, 2016 Vila Verde - Provincia 23:02
    Pois claro . Peça uma boa indemnização . Eu se pudesse fazia a mesmo . Tem que se sacar o mais que se puder ...
  • Paulo
    16 fev, 2016 Lisboa 20:58
    Acho que o homem não fez nada de mal fosse amiga ou não se a pessoa precisava de uma transferência urgente teve que ser, se fosse em detrimento de outra ou houvesse uma prova de pratica corrente que indicasse um tratamento diferencial em relação a outros pacientes aí sim podiam malhar nele no entanto neste caso foi o elo mais fraco ou existe mais qualquer coisa que se desconhece, o ministro seguiu a recomendação do IGAS.
  • José Silva
    16 fev, 2016 Lisboa 17:25
    Sim, meu caro, é um saneamento. Sanear significa basicamente tornar são. E quem é corrupto ou quem abusa do cargo público que ocupa está a tornar doente o organismo ou instituição ao qual pertence.
  • Paulo
    16 fev, 2016 Porto 17:25
    Meus amigos, e se fosse uma amiga vossa? E se tivessem no mesmo lugar que fariam? Desprezavam o estado de sauda da vossa amiga (ou não?) E se ela não fosse amiga? Será que era noticia? E se ela tivesse morrido antes de ser transportada? Lembram-se do Duarte? E se um amigo dele tivesse mandado transportar, ele poderia estar vivo certo? Sempre foi uma 'Não noticia' porque se não fosse amiga, ninguem falava!!!
  • atento
    16 fev, 2016 Aveiro 15:53
    Ele deve é ter um tubo de saneamento a escorrer-lhe para o crânio! Se mais fossem verdadeiramente investigados, mais vinham parar ao olho da rua.
  • Joca Rodrigues
    16 fev, 2016 V N Gaia 15:43
    É preciso ter lata... "O ministro da Saúde acompanhou aquilo que foram as recomendações da IGAS, tudo dentro daquilo que é a normalidade jurídica e a normalidade do funcionamento do Estado", afirmou Adalberto Campos Fernandes, aos jornalistas, à margem da cerimónia de apresentação do novo Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, no Porto.
  • José Saraiva
    16 fev, 2016 Viseu 15:15
    Anda lá Paulito!....já MAMASTE MUITO....democracia é mesmo assim...DEIXA-LÁ MAMAR OUTRO...

Destaques V+