17 fev, 2016 - 13:02 • Marina Pimentel , Filomena Barros
O Conselho Superior de Magistratura poderá vir a abrir um inquérito à juíza do processo em que Bárbara Guimarães acusa o ex-marido, Manuel Maria Carrilho, de violência doméstica.
O site feminista Maria Capaz publicou uma carta aberta criticando o comportamento da juíza. “Quando os sistemas de resposta à violência (saúde, apoio social, justiça) reforçam crenças promovidas por agressores estamos perante uma situação definida como vitimação secundária”, apontam as subscritoras da missiva.
Esse documento será entregue ao Conselho Superior da Magistratura, o que poderá desencadear a abertura de um processo disciplinar.
Em causa está a forma como a juíza Joana Ferrer criticou Bárbara Guimarães e tratou a apresentadora apenas pelo nome próprio, Bárbara, enquanto se dirigiu ao réu, Manuel Maria Carilho, sempre por “professor”.
De acordo com o jornal “Público”, na primeira sessão do julgamento, na sexta-feira em Lisboa, a juíza perguntou a Bárbara Guimarães quando é que as coisas “mudaram”. “Confesso que estive a ver fotografias do vosso casamento”, disse Joana Ferrer, e tudo parecia maravilhoso. “Parece que o professor Carrilho foi um homem, até ao nascimento da Carlota [a segunda filha do casal], e depois passou a ser um monstro.” Ora, “o ser humano não muda assim”, disse a juíza.
Joana Ferrer criticou durante o julgamento a alegada vítima de violência doméstica por não ter apresentado queixa contra o então marido, logo quando ocorreu a primeira agressão.
A actuação da juíza foi também criticada publicamente pela Associação Portuguesa de Mulheres Juristas. Em comunicado, a associação diz que "não quer deixar de expressar publicamente a sua preocupação pelo que estas revelam sobre a persistência de prejuízos desconformes com o legalmente estipulado sobre o modo de agir com vítimas de violência doméstica”.
O antigo ministro socialista da Cultura Manuel Maria Carrilho, que se separou de Bárbara Guimarães em 2013 após um casamento de mais de dez anos, é acusado de violência doméstica. Segundo a apresentadora, os maus-tratos físicos ocorreram entre finais de 2012 e 2013.