25 fev, 2016 - 00:56
O primeiro interrogatório judicial ao procurador do Ministério Público Orlando Figueira, detido por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, foi interrompido quarta-feira à noite e será retomado esta quinta-feira de manhã, segundo o seu advogado.
Paulo Sá e Cunha, advogado de Orlando Figueira, disse à agência Lusa que "a diligência foi interrompida" na noite de quarta-feira a pedido da defesa e será retomada às 10h30, no Campus da Justiça, pela juíza Maria Antónia Andrade.
"Não houve interrogatório propriamente dito. Houve a leitura dos factos e depois pedimos a interrupção da diligência para podermos ter acesso a elementos do processo", explicou Paulo Sá e Cunha.
O advogado disse que o início do interrogatório de Orlando Figueira está marcado para as 10h30, mas que a defesa estará mais cedo no tribunal para consultar o processo do procurador, que trabalhou no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), mas que estava em licença sem vencimento há cerca de quatro anos.
O vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, está indiciado pelo Ministério Público português de corrupção activa na mesma operação que levou à detenção, na terça-feira, do procurador Orlando Figueira, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
Também Paulo Blanco, que foi advogado do vice-presidente de Angola na compra de um apartamento no edifício Estoril Sol, em 2012, foi também constituído arguido na quarta-feira e alvo de buscas no seu escritório de advocacia.
O procurador do Ministério Público Orlando Figueira - em licença sem vencimento desde 2012 -, foi detido no âmbito da "Operação Fizz", da Polícia Judiciária, por suspeitas de corrupção passiva, branqueamento de capitais e falsidade informática.
Orlando Figueira foi o procurador responsável pelos processos "BES Angola" e "Caso Banif", que arquivou, relacionados com capitais angolanos e, segundo fontes ligadas ao processo, é suspeito de ter favorecido processos em Portugal relacionados com o vice-presidente angolano Manuel Vicente.
Em declarações à Lusa na quarta-feira, Paulo Blanco explicou que os elementos da PJ levaram cópias de declarações, sobre os vencimentos que o actual vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, auferia entre 2007 e 2010, quando exercia actividades na Sonangol, BCP (ActivBank) e Banco Angolano de Investimentos (BAI), entre outras entidades, e que pertenciam a um processo que foi arquivado em 2012.