09 mar, 2016 - 06:31 • Paula Caeiro Varela
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São quatro palavras, quatro: afectos, proximidade, simplicidade, estabilidade. Assim definiu Marcelo Rebelo de Sousa as ideias para o que quer fazer da sua Presidência, à imagem e semelhança do que fez da sua campanha eleitoral.
Elogiou o estilo a Soares, não desmereceu Cavaco, mas sublinhou que o próximo Presidente tem de estar mais próximo das pessoas. Os "afectos", que presidiram à campanha, são a pedra de toque do estilo que Marcelo quer levar para Belém.
Quer mostrar que cumpre o que promete e já voltou a alguns dos lugares que percorreu durante a campanha para provar isso mesmo: foi ao Barreiro, levou bagaço para brindar com uma utente da Santa Casa da Misericórdia, promessa de candidato se ganhasse – como ganhou – à primeira volta.
Diz que é um moderado e promete ser moderado num ciclo político diferente de todos os que o país conheceu até hoje. Diz que quer ser o Presidente que faz pontes e promete tentar promover o diálogo todos os dias. Diz que o país não pode estar permanentemente em eleições e promete ser árbitro, mas não entra no jogo a pensar em marcar penálti à primeira falta.
Se alguém tiver dúvidas do que pensa o novo Presidente sobre a necessidade da estabilidade política, nada melhor do que ouvir (ou ler) as suas próprias palavras: “A minha ideia não é chegar lá de apito na boca, preparado para, na primeira ocasião, marcar penálti”.
Mas há mais: “O Presidente deve levar o apito na predisposição de só o utilizar quando é verdadeiramente necessário. Estar a ameaçar com o apito ainda antes do começo do jogo é uma coisa que acho muito original.”
Passe a linguagem futebolística, não pode haver surpresas sobre o que pensa o novo Presidente. A questão está só em saber se a realidade vai permitir que o jogo seja como Marcelo Rebelo de Sousa quer ou se alguma falta mais pesada vai obrigar o novo árbitro de Belém a puxar do cartão vermelho.