18 mar, 2016 - 15:50
A esmagadora maioria dos jovens internados em centros educativos, as “prisões de menores” que cometem delitos, já consumiu drogas e bebidas alcoólicas, revela um estudo da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).
Os investigadores ouviram 142 dos 935 jovens internados sobre comportamentos aditivos em jovens internados foram avaliados e concluíram que há relação entre a criminalidade e os consumos.
De acordo com o estudo, apresentado esta sexta-feira, 89% dos jovens internados em centros educativos já consumiu substâncias ilícitas, na sua maioria cannabis, seguida depois das anfetaminas e ecstasy.
Perto de metade da população dos seis centros educativos nacionais admite o consumo de cannabis quase diariamente e o abuso também de bebidas alcoólicas.
Estes consumos estão, de acordo com o estudo, relacionados em grande medida com os ilícitos que praticam: roubo, furto, crimes ligados aos estupefacientes e ofensas à integridade física. 65% dos jovens confessam ter cometido crimes sob efeito do álcool ou drogas.
“É mais comum o consumo de cerveja e de bebidas espirituosas. No caso do consumo de substâncias ilícitas, o que é mais comum é o consumo de cannabis. O consumo de cannabis é tão comum como o consumo de bebidas alcoólicas”, diz à Renascença Ludmila Carapinha, uma das autoras do estudo.
Para uma grande maioria destes jovens os consumos começaram cedo, entre os 12 e os 14 anos.
“Existe uma associação entre este início do consumo de bebidas alcoólicas e de substâncias ilícitas e o início do envolvimento nos crimes que conduziram à medida de internamento”, adianta a investigadora Ludmila Carapinha.
Os investigadores conseguiram ainda detectar um conjunto de problemas associados a estes jovens.
“Um terço viveu apenas com a mãe a maior parte do tempo. Cerca de um quarto dos jovens tiveram familiares próximos que costumam o costumavam embriagar-se ou tomar substâncias ilícitas. Mais de metade dos jovens refere ter familiares próximos com problemas com a justiça”, explica Ludmila Carapinha.
Presente nestes jovens está também o insucesso escolar. Quase todos faltavam às aulas, tinham sido expulsos da escola e não viam qualquer utilidade na aprendizagem, conclui o estudo da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).