22 mar, 2016 - 06:41
As burlas através dos sites de classificados online estão a aumentar e são cada vez mais os lesados que se queixam às autoridades, as quais têm neste momento vários processos de investigação em curso, segundo fonte policial.
O subcomissário da PSP João Moura disse à agência Lusa que este tipo de burla tem vindo a aumentar e que há áreas em que já tem um peso significativo, como seja a compra e venda de automóveis e o arrendamento de casas para férias.
Em comparação, as burlas com telemóveis, material informático ou videojogos são bem menores, embora cada vez mais frequentes.
"Se for bom demais para ser verdade, se calhar é porque não o é", aconselha o portal OLX, o maior em Portugal, com cerca de 30 milhões de visitas mensais.
Neste site são publicados todos os dias 32 mil novos anúncios. Alguns vendem "gato por lebre" ou simplesmente não vendem nada, levando apenas os candidatos a compradores a transferir verbas que depois não conseguem reaver.
Lesados alertam na net e apresentam queixa
Uma consulta online sobre as burlas no OLX - mas também em outros sites de classificados, como o Custo Justo - é suficiente para identificar um largo conjunto de lesados que tentam, através da denúncia na internet, conseguir alguma justiça, ou simplesmente que outros não caiam neste “conto do vigário”.
Mas muitos destes lesados têm apresentado queixas nas autoridades. "Existem vários inquéritos em curso, visando diferentes cidadãos e relativos a variadas acusações de burla com utilização do portal" OLX.
De acordo com o subcomissário da PSP João Moura, os visados devem sempre apresentar queixa nas autoridades, até porque já há registo de processos que foram para a frente e de redes desmanteladas.
Isso mesmo aconteceu no final do ano, quando a PSP de Braga desmantelou uma rede que, através do OLX, adquiria carros, sem nunca os pagar aos vendedores. O valor da fraude ascendeu aos 1,5 milhões de euros.
Mas a PSP insiste na necessidade de os potenciais vendedores e compradores através destes portais evitarem determinados procedimentos, os quais são passíveis de burlas.
Mecanismos para detectar fraudes
Isso mesmo disse à agência Lusa o administrador da FixeAds, empresa que detém, entre outros portais de classificados, o OLX. Segundo Miguel Monteiro, a segurança é uma preocupação constante e a empresa tem vindo a colaborar com as autoridades sempre que estas solicitam informação sobre anúncios que conduziram a burlas.
A FixeAds utiliza "mecanismos de revisão dos anúncios para prevenção e detecção de fraudes, mecanismos esses que passam por revisões automáticas com algoritmos em constante evolução e revisões manuais por parte da equipa de apoio ao cliente".
"Temos ainda sistemas de reporte de anúncio", através do qual qualquer utilizador pode dar conta de um "anúncio que possa indiciar ser fraudulento", acelerando assim a reacção da empresa.
Segundo Miguel Monteiro, esta triagem leva a que, "num site que tem cerca de 32 mil novos anúncios publicados por dia e 2,802 milhões de anúncios activos" se registe "menos de 0,01% de situações que poderão ser de infracção dos Termos e Condições".
Algumas dessas situações são posteriormente investigadas pelas autoridades, tendo Miguel Monteiro confirmado que o Ministério Público, por exemplo, solicita com alguma regularidade informações sobre anúncios que estão ou estiveram online e conduziram a um cliente burlado.
"Como qualquer empresa socialmente responsável, sempre que contactados pelas autoridades, colaboramos o máximo possível para que consigam alcançar o seu objectivo e temos um canal de comunicação específico para podermos agilizar ao máximo as solicitações de informação por parte das autoridades competentes", acrescentou.