30 mar, 2016 - 12:21
O ex-candidato presidencial Paulo Morais voltou esta quarta-feira a classificar de "inadmissível" o sistema de "cartelização de venda de livros escolares" em Portugal, afirmando que irá continuar a denunciar esta situação "enquanto não for efectivamente resolvida".
Paulo Morais falava à Lusa a propósito da apresentação pela Porto Editora de uma queixa-crime contra si, alegando "prejuízo ao bom nome e reputação da empresa" ao associar a editora a corrupção e cartelização do mercado de manuais escolares.
Numa declaração escrita, o porta-voz da Porto Editora, Paulo Gonçalves, afirmou que "em causa estão as recorrentes declarações do ex-candidato à Presidência da República associando a editora a esquemas de corrupção envolvendo políticos e de cartelização do mercado de manuais escolares". A queixa-crime foi apresentada já este mês no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, enquanto uma acção cível foi entregue no tribunal da comarca do Porto.
"Sobre a matéria em apreço que deu origem à queixa, eu não altero minimamente o que tenho dito, que é que as grandes editoras de manuais escolares em Portugal são verdadeiras sanguessugas das economias familiares, têm um sistema de cartelização de vendas de livros, os livros são caríssimos, as famílias veem-se e desejam-se para os conseguir pagar", afirmou Paulo de Morais.
O ex-candidato presidencial afirmou que "o que acontece é que as editoras em Portugal conseguem uma situação de privilégio absoluto com a conivência de governos, com a conivência de parlamentos, de forma que têm o mercado completamente cartelizado. Não só dominam o mercado do livro escolar, como as políticas dos livros escolares".
"E isto é uma situação que, no meu ponto de vista, é inadmissível e continuarei a denunciá-la enquanto ela não for efectivamente resolvida", frisou.
Paulo de Morais defende que "as escolas têm de ter bancos de trocas de livros para que as crianças, no fim de cada ano, deixem os livros do ano anterior e recolham os do ano seguinte, à semelhança do que acontece em todos os países da Europa ocidental, à excepção de Portugal".
O ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto questiona o porquê de "isto acontecer em todos os países da Europa ocidental e não acontecer em Portugal".