06 abr, 2016 - 11:34 • Cristina Branco
O presidente da União das Misericórdias (UM) considera que não são apenas os lares que não estão preparados para cuidar das pessoas com demência.
"Não estão os lares [preparados] nem está ninguém em Portugal", diz Manuel Lemos, à Renascença, nesta quarta-feira em que a UM divulgou um estudo sobre os cuidados prestados pelos lares a pessoas com demência.
Manuel Lemos sublinha que "cuidadores, provedores e técnicos fazem, todos os dias, coisas fantásticas com estas pessoas, mas lembra que "lidar com estas pessoas não é fácil" e exige "formação".
O presidente da UM defende, assim, que este é o momento oportuno para repensar o modelo dos lares, no quadro do Programa "Portugal 2020". "Ouvimos, muitas vezes, que os recursos europeus não são bem aproveitados e, aqui, há uma oportunidade de dar boa resposta, porque há verbas muita significativas previstas para a formação", aponta.
Manuel Lemos diz-se confiante na disposição do Governo em empenhar-se neste objectivo, "numa lógica de cooperação", por a UM está "no terreno, tem a obrigação de alertar e de cooperar".
O estudo da UM que quase 80% dos idosos nos lares sofre de demência, um número que Lemos classifica como "devastador" e "surpreendente".
"Tínhamos a expectativa de chegar à conclusão de que haveria cerca de 35%, o que já era muito elevado, mas aproxima-se de 80% de idosos com problemas de demência", confessa
O estudo foi realizado em 26 lares em todo o país, ao longo de dois anos, num universo de três mil idosos. A UM pretende alargar este trabalho a mais instituições.