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“Despesas catastróficas” afastam portugueses do dentista

17 mai, 2016 - 09:19

Estudo revela que as famílias portuguesas são obrigadas a recorrer a dentistas privados e a abdicar de despesas essenciais para poder tratar da saúde oral.

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Portugal é o segundo país da União Europeia com maiores necessidades de saúde oral não satisfeitas, segundo um estudo que mostra que a classe média pode enfrentar "despesas catastróficas" quando acede a cuidados dentários.

O estudo "Cuidados de Saúde Oral - Universalização" foi encomendado pela Ordem dos Médicos Dentistas à Universidade Nova - School of Business & Economics e apresenta vários cenários para melhorar o acesso dos portugueses a cuidados de saúde oral.

Em Portugal, 17,8% das pessoas com mais de 16 anos relatam não ter as suas necessidades de saúde oral satisfeitas, quando a média da União Europeia (UE) é de 7,9%, de acordo com dados publicados no estudo, a que a agência Lusa teve acesso.

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, sublinhou que a dificuldade de acesso a saúde oral se torna ainda mais evidente quando Portugal surge bem posicionado ao nível dos cuidados de saúde gerais.

De facto, o estudo indica que apenas 5,1% dos portugueses com mais de 16 anos relata necessidade de saúde não satisfeitas (abaixo da média da UE), enquanto ao nível de cuidados dentários o valor dispara para quase 18%, uma percentagem mais de duas vezes superior à média europeia.

Em Portugal, existem entre 20 a 25 médicos dentistas nos cuidados de saúde primários e as famílias são forçadas a recorrer a dentistas privados, que pagam integralmente do seu bolso.

280 milhões para convenções

No estudo elaborado por Alexandre Lourenço e Pedro Pita Barros fica explícito que "não só as famílias com rendimentos mais baixos são afectadas, mas também as de rendimentos mais elevados enfrentam despesas catastróficas quando acedem a serviços de saúde oral".

Os pagamentos directos das famílias são de tal forma elevados em relação ao dinheiro disponível que obriga o agregado familiar a abandonar o consumo de outros bens e serviços necessários.

"Quem sofre mais são os mais pobres, porque nem sequer acedem a cuidados de saúde oral, estão totalmente excluídos. Mas o estudo mostra que a classe médica também sofre muito porque tenta aceder a cuidados e a catástrofe é a do empobrecimento, de abdicar de aspectos de outras despesas essenciais para pagar cuidados de despesas dentárias em situações especiais", vincou o bastonário dos Médicos Dentistas.

Monteiro da Silva recordou que em Portugal mais de metade dos idosos (a partir dos 65 anos) não tem um único dente natural na boca e, em muitos casos, nem sequer prótese dentária têm a substituir os dentes perdidos.

O Estado precisaria de 280 milhões de euros anuais para dar a todos os utentes acesso a cuidados de medicina dentária em regime de convenção com consultórios privados, segundo o estudo da Universidade Nova de Lisboa.
Comentários
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  • InSect
    20 mar, 2017 Setubal 12:41
    E ainda ninguém referiu aqui que 85% dos dentistas que há em Portugal são brasileiros!!! Para o mal e para o bem e sendo que estão todos combinados nós não temos como combater a situação para exigir preços acessíveis a todos. É isto um pau de dois bicos porque se houver possibilidade de mais pessoas acederem à saúde oral também haverá mais pacientes aumentando desse modo o universo de clientes. Considero uma óptima ideia o facto de o estado - a pouco e pouco - introduzir a saúde oral no SNS e deveria já tê-lo feito há muitos anos não deixando que proliferassem tantos pseudo dentistas que apenas se vão aproveitando para obter lucro desmedido provocando por isso a monopolização do tratamento dos dentes!!! A ver vamos se daqui a uma geração já toda a gente - velhos e novos - terá o problema resolvido e poderá então sorrir sem medo de mostrar os dentes estragados.:-))
  • ADISAN
    18 mai, 2016 Mealhada 19:07
    Na realidade, não sei como podem louvar o nosso sistema de saúde, como tantas vezes ouço. Sei perfeitamente que não gostam de comparações com os países mais desenvolvidos - também na saúde. Tendo eu porém vivido 34 anos na Alemanha, sempre tive de comparar o que passa lá e cá. Já sou reformado, e sei que muitos dos meus ex-colegas, também já reformados, continuam com residência na Alemanha, precisamente por causa da assistência na saúde, e até na velhice, que não são comparáveis. No que respeita à saúde oral, lá até se tem o dever de ir ao dentista pelo menos duas vezes por ano. Gratuitamente, claro. Quem não cumprir sujeita-se a ter de pagar as próteses e tratamentos muito mais caros, pois as comparticipações das caixas são drasticamente reduzidas . Além disso, os boletins das Caixas de Previdência (Krankenkassen) alertam regularmente para o facto de a doença oral poder provocar outras doenças ainda mais malígnas. Não acham que vale a pena comparar, e dar a conhecer como nos outro países lidam com a saúde oral?
  • Vasco
    18 mai, 2016 Santarém 15:18
    Dentes e ouvidos, uma mina para os profissionais oportunistas neste país que estão como peixe na água.
  • fields
    18 mai, 2016 lx 13:58
    Uma tabela, é preciso uma tabela com preços realistas pois os preços cobrados pelos dentistas são exorbitantes. Outra solução seria dotar todos os hospitais de dentistas e cobrar aos contribuintes que podem pagar apenas o valor necessário para manter a valência a funcionar, certamente que os preços seriam substancialmente inferiores aos cobrados pelas clinicas particulares e obrigaria-os a baixar os preços. No caso da adse o valor pago pelos funcionários publicos ao dentista +/- 1/3 do valor total do tratamento cobre as despesas do destista o resto (2/3) é lucro e esse lucro é pago pelo estado.
  • Dente Furado
    17 mai, 2016 Alcanhões 18:35
    Os médicos em Portugal (dentistas à cabeça) são uma grande cambada de oportunistas, ganham o que querem (roubam), fazem o que querem, e só trabalham onde querem (claro que há exceções, e essas são de louvar)! Por exemplo o problema da saúde oral (muito grave) só será atenuado quando a maioria dos hospitais públicos passar a ter dentistas 24 horas por dia, como antigamente!
  • fanã
    17 mai, 2016 aveiro 16:04
    Há mais OPORTUNISTAS que DENTISTAS COMPETENTES .
  • paulo
    17 mai, 2016 vfxira 15:28
    Somos um país de "velhos" e de desdentados,a maioria do povo não tem dinheiro para tratar dos dentes.
  • Carlos Gonçalves
    17 mai, 2016 Almada 14:48
    Não existe algum Hospital Português, que tenha um dentista! Nos Hospitais Nórdicos, Europa Norte, todos eles, Hospitais, detém uma equipe de dentistas . 24 horas dia. Nada falha. Aqui, os privados vão enchendo . Numa clínica dentária sitiada na Cova Piedade, para efetuar uma limpeza dentes, ( dá cá 35 euros ) . Se tiver ADSE, é um terço . Enchem e enchem os bolsos e não existe regulamentação para tal. Quanto a mim, é-me difícil na Margem Sul arranjar um dentista de confiança. Mas agora vem as más línguas : Queres bons dentes, paga-os, e bem.
  • DR XICO
    17 mai, 2016 LISBOA 11:26
    É um abuso os preços dos dentistas em Portugal 25€ limpeza de dentes, 35€ extracção de dente, 800€ implante de 1 dente..... E DEPOIS QUEIXAM-SE QUE NÃO TEM EMPREGO! eles não kerem dar consultas QUEREM É ENRIQUECER RAPIDAMENTE
  • MARIA JOSÉ SAMPAIO
    17 mai, 2016 carnaxide 11:02
    é um desastre total. Maus dentistas, maus serviços, dificuldade de acesso mesmo a esses. Os particulares mesmo muito caros e poucas vezes bons...é preciso ter SORTE. Mas confiar na sorte em questões de saúde é um loucura. É UM SISTEMA INJUSTO.

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