08 jun, 2016 - 19:53
Foi o turismo que contribuiu decisivamente para a reabilitação dos bairros históricos de Lisboa e Porto que nos últimos anos davam sinais de enorme degradação e abandono pela população.
Em conferência de imprensa, Eduardo Miranda, presidente da Associação de Alojamento Local em Portugal (ALEP) sublinhou esse facto e que é preciso ver o problema dos moradores com menos emoção.
Lisboa tem mais de 5.100 dos 33 mil alojamentos registados na base nacional e destes, cerca de metade está na freguesia de Santa Maria Maior.
Segundo os dados da própria freguesia, há quatro anos, 30% dos imóveis estavam vagos e metade destes a precisar de obras, quase sempre profundas.
Quanto aos habitantes, há muito que tinham partido, seja por força da lei das rendas que obrigou muita gente a abandonar as casas com o grande aumento ou porque perderam o interesse no bairro. O Censo à População de 2011 refere que em 10 anos Alfama perdeu 20% dos habitantes e o Castelo, um terço, a maior parte, jovens.
Segundo um inquérito realizado em maio pela ALEP junto de titulares de alojamentos locais em lisboa, o ano passado foram investidos cerca de 48 milhões de euros em reabilitação de fracções de apartamentos no centro histórico.
Em muitos casos, o investimento é feito por estrangeiros. Os franceses estão na linha da frente, atraídos pela cidade e regime fiscal para os residentes não habituais. Mas também os brasileiros e os chineses revelam um interesse crescente.
Mas 90% dos proprietários tem apenas um alojamento. E o que é mais significativo, para 1450 famílias da capital, o alojamento local é a principal fonte de rendimento.
Mas na opinião de Eduardo Miranda, este negócio também tem um efeito importante na distribuição de rendimento local para milhares de prestadores de serviços, nomeadamente nas limpezas e recepção. O inquérito da ALEP estima que ronde os 7,5 milhões de euros por ano. Também o comércio local, embora diferente, pode ganhar com o turismo, diz Eduardo Miranda.
Uma das críticas de que o alojamento local tem sido alvo, sobretudo da hotelaria, prende-se com a eventual falta de segurança. Mas o presidente da ALEP esclarece que também neste tipo de alojamento os proprietários têm que comunicar os dados dos turistas estrangeiros ao SEF - Serviço de estrangeiros e Fronteiras.
E Eduardo Miranda sublinha que até há condições para fornecer os dados dos turistas antes de chegarem, só a partir das reservas.
São algumas das questões que a ALEP quer discutir com o Governo e outras entidades, Com uma certeza, para Eduardo Miranda: esta é uma solução complementar em relação à hotelaria. E sem ela, com o crescimento do turismo em Lisboa nos últimos anos, teria sido o caos. A não ser que fechem o aeroporto porque se quisermos cá estrangeiros, temos de ter onde os acomodar, desabafou Eduardo Miranda.
Refere ainda que se ocorrer algum arrefecimento no "boom" do turismo, um alojamento local pode sempre passar para o arrendamento tradicional. A flexibilidade é grande, sublinha Eduardo o presidente da ALEP.