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A escola sem TPC e onde ninguém chumba até ao 9.º ano

09 jun, 2016 - 16:55 • Manuela Pires

Subiu centenas de lugares no ranking das escolas. A receita? Dar autonomia aos alunos. É assim no Agrupamento de Escolas de Carcavelos.

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Há uma escola no concelho de Cascais onde não há trabalhos para casa (TPC), os telemóveis podem ser usados na sala de aula e ninguém chumba até ao 9.º ano. Chegou a estar no fundo dos “rankings”, mas, em 13 anos, subiu mais de 500 lugares.

Há 13 anos, o director da escola secundária de Carcavelos decidiu que tinha de fazer alguma coisa. O diagnóstico não era animador: os “rankings” davam más notícias, a escola mirrava, tinha apenas 400 alunos, na sua maioria oriundos de bairros problemáticos.

A opção de Adelino Calado foi pelo Agrupamento de Escolas de Carcavelos e por um projecto educativo para 15 anos. Um projecto inovador, que dá mais autonomia aos 2.900 alunos e que os ensina a aprender.

A primeira alteração: nesta escola ninguém chumba até ao 9.º ano. “Mesmo que tenham negativas, os alunos não repetem”, explica Adelino Calado. “O que têm de fazer é recuperar no ano a seguir o que não conseguiram no ano anterior ou então podem ser orientados para outras ofertas que existem na escola.”

“Com esta medida, a escola acabou com os problemas disciplinares e a evolução dos alunos tem sido muito boa”, afirma o director do Agrupamento de Escolas de Carcavelos.

Aqui não há TPC

Nesta escola não se ouve o toque para a entrada e a saída das aulas, os alunos são responsáveis pelo livro de ponto e não há os tradicionais TPC. A experiência foi feita com alunos do primeiro ciclo. Chegou-se à conclusão que não havia diferença entre os alunos que faziam os trabalhos e os que não faziam.

“Por exemplo, no primeiro ciclo, a Matemática, em vez de estar a mandar várias fichas com contas, o que fazemos é sugerir ao aluno que lá em casa vá à despensa e some os quilogramas. Ou então, quando for ao supermercado, que some os preços dos produtos para ver se fica com a mesma soma da caixa.”

Não há trabalhos para casa e também não há testes. A escola optou por outros instrumentos de avaliação que não deixam nenhum aluno para trás. Há 11 instrumentos diferentes para avaliar os alunos e apenas um teste por cada período. “O objectivo, para a escola, é perceber como é que estão os alunos, se eles sabem o que era suposto. Não é para notas. É para aferir as aprendizagens.”

Com este novo projecto educativo a escola captou alunos e melhorou as notas. Mas os desafios continuam. Um exemplo: em vez de os proibir, a escola decidiu deixar os alunos usarem o telemóvel na sala de aula.

Foram os estudantes que definiram as regras: os telemóveis podem ser usados como calculadora, agenda e para consultar a internet. Quem não cumprir tem um dia de suspensão. “A medida entrou em vigor em Setembro e até agora mandei 15 alunos para casa”, refere Adelino Calado.

Comentários
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  • Gonçalo Fabião
    19 set, 2022 Lisboa 08:13
    Espetacular... Mas não explica muito bem o que é essa coisa de os orientar para outras ofertas que a escola oferece, basicamente saem da via de ensino e nunca mais têm oportunidade de seguir para o ensino universitário (não venham com essa de que têm equivalência, pois os currículos são diferentes e os exames para admissão têm matérias que eles nunca deram.) Isto não é resolver o problemas dos alunos, é eliminar os que não interessam e assim subir nos rankings. Claro que à custa dos excluídos
  • Carla Costa
    27 jan, 2018 Cascais 11:25
    Espectacular...
  • Daniella
    05 nov, 2016 Villerupt 01:45
    Essa coisa de até ao nono ano não reprovarem é uma estúpidez. Depois um dia se estiverem muito atrasados nem sequer têm chance de irem para a universidade, como no Luxemburgo. Sempre achei que a nível de educação Portugal estava à frente de muitos países, principalmente Luxemburgo, pois andei lá na escola, mas afinal Portugal vai de cavalo para burro. 0 problema do nosso país, é que em vez de tomar as suas próprias medidas copia os outros. Qualquer dia também há diferentes nivéis na escola. Porque em vez de reprovarem ficam para trás. Veremos o que isto vai dar.
  • Elsa
    04 nov, 2016 gaia 13:38
    Até parece palhaçada, mas não é! Esta escola consegui inverter a lógica e o modelo da escola do séc. XIX. Na realidade, e o texto é muito curto não diz tudo, os alunos são avaliados em exame nacional, tal como os das outras escolas. Acontece que nos exames nacionais, onde os conteúdos avaliados são iguais para todos, estes alunos têm-se saído muito bem, o que vem provar que o método é diferente e é bom!
  • QUE GIRO
    04 nov, 2016 PORTO 11:36
    Essa é a escola do grande facilitismo...Hoje em dia é difícil exigir algo aos alunos, mas nesta escola é missão impossível.Viva o anarquismo!!!
  • Susana Lionço
    04 nov, 2016 Carcavelos 09:11
    Uma palhaçada isso sim!... Autonomia para eles é deixar os alunos sem professores fechados na sala de aula entegues ao cuidado do delegado e sub delegado de turma... E depois queixam se que se portam mal e fazem participação da turma com pena suspensa... Já vi sistemas ditatoriais melhores!... Isto para não falar do resto... Mantém o ranking porque os pais fazem o trabalho da escola em casa... Que vergonha!... Assinado: Encarregado de aeducação
  • Jorge
    04 nov, 2016 Carreira 05:32
    ...somar kgs numa despensa...às vezes não existe ou está vazia...mera pedagogia utópica...para agradar...há alunos que vão para a escola com fome...este e um problema a debelar primeiro na nossa sociedade...depois as iluminações...
  • XXT
    22 jun, 2016 Lisboa 13:46
    A geração Relvas... Portanto, os alunos que não conseguiam passar até ao 9º ano agora passam sem saberem nada e sem estudar e quando chegarem ao 10º anos vão para as outras alternativas (quais?!?! para quais estarão aptos?!?!) porque, simplesmente, é impossível apanharem o comboio que já perderam anos antes. Só porque o fazem no estrangeiro não quer dizer que seja bom. Existe a tentativa de implementação de sistemas educativos de estupidificação das pessoas, para melhor as controlar. Por isso actualmente a grande maioria dos jovens não sabe nada de cultura geral, nem de política, nem sequer sabem fazer em condições aquilo para que estudam e, se adoptarem este modelo, então a situação só poderá piorar.
  • Pois é!
    17 jun, 2016 dequalquerlado 11:06
    Oh Lois tenho que concordar contigo. Depois saem da escola e nem sequer sabem escrever. Este país vai sempre de mal a pior. Só se preocupem é com estas tretas que não melhora este País em coisa nenhuma, pelo contrário. É uma boa forma de criar um país de burros, para que os políticos possam governar como querem e entendem e por outro lado as pessoas só se interessarem por futebol e telenovelas, muitos nem querem saber de politica, não sabem discutir, ah a não ser só para falar do rendimento mínimo, dos bolos que eles vão comer para o café, ou porque até compra um telemóvel... E dos funcionários públicos (estes é que têm culpa de tudo e é que são o bodo expiatório, deviam ser todos despedidos) Enfim, um país de burros e cegos. AH, copiem sempre tudo dos outros países, mas a verdade é que somos sempre abaixo dos outros. Nos salários, na competitividade, desenvolvimento e na dependência. Ah, numa coisa os portugueses são bons, na corrupção, para isso eles não ficam nada atrás. E ainda há burros que concordam com tudo. Que tristeza com esta gente!!! .Eu até tinha alguma simpatia pelos partidos de esquerda, mas já começo a ficar farto destes partidos, apoiam os refugiados, quando estes apesar de fugirem por tudo aquilo que se sabe mas vêm para os países dos outros e depois aplicam os mesmos costumes do estado islâmico. São educados a odiar os homosexuais, elas andam de burka. Num país democrático permitir isto é ser contra a liberdade... E tantas outras....
  • Francisco Rodrigues
    16 jun, 2016 Vila Real de Santo António 17:59
    Gosto da ideia e do projeto em si que é no minimo inovador. Mas será que o resto do país estará preparado para acolher tal inovação no Ensino e pôr em prática um projeto deste género...??!!!!

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