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Há cada vez mais idosos vítimas de violência financeira

15 jun, 2016 - 07:00

Mais de 18 idosos por semana pedem ajuda à APAV. Na maior parte dos casos, os agressores "são pessoas muito próximas", nomeadamente filhos e netos, que "conhecem muito bem as suas vulnerabilidades e fraquezas".

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Mais de dois idosos recorrem diariamente à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, muitos vítimas dos filhos e dos netos que se apropriam dos seus bens e das suas economias.

Em 2015, a APAV apoiou 977 idosos vítimas de crime, mais 125 face ao ano anterior, representando uma média de 2,7 por dia e 18,7 por semana.

Muitos destes idosos foram vítimas de violência financeira, um crime que "tem aumentado nos últimos anos, especialmente devido à situação da crise financeira", disse Daniel Cotrim, da APAV, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Internacional de Sensibilização sobre a Prevenção da Violência Contra as Pessoas Idosa, que se assinala esta quarta-feira.

O psicólogo explicou que os idosos são "vítimas relativamente fáceis", sendo que na maior parte dos casos os agressores "são pessoas muito próximas", nomeadamente filhos e netos, que "conhecem muito bem as suas vulnerabilidades e fraquezas".

"São muito mais fáceis de manipular e de exercer poder e controlo sobre eles, o que faz com que sejam vítimas de "muita violência financeira", além de violência física e psicológica.

Daniel Cotrim contou que os agressores ficam com o rendimento dos idosos, chegando mesmo a retirá-los dos lares onde residem para ficar com o valor da mensalidade para apoiar o rendimento mensal da família.

Segundo o responsável, "a apropriação indevida de bens materiais e económicos dos idosos por parte dos seus familiares" é um dos motivos que leva muitas vezes as vítimas a pedirem ajuda à associação.

Mais de 80% das vítimas são mulheres

Mas geralmente fazem-no "já muito tempo após as situações terem começado", lamentou. Por isso, "é importante prevenir", sensibilizando as pessoas mais velhas para estas questões, explicando-lhes os perigos que correm.

Sobre o aumento do número de idosos apoiados pela APAV, o psicólogo disse que pode dever-se ao facto de as pessoas estarem mais sensibilizadas e mais informadas para este tipo de questões e denunciarem mais, mas também pode demonstrar que o problema ter aumentado.

Segundo dados da APAV relativos a 2015, 80,5% destas vítimas são mulheres, com uma média de idade de 75 anos.

Quase 40% das vítimas (39%) viviam numa família nuclear com filhos, 58,4% eram casados e 29,5% eram viúvos. A grande maioria (90,1%) era reformada.

Quanto à escolaridade das vítimas, os dados indicam que 33,3% das vítimas tinham o primeiro ciclo do ensino básico, 19,2%, o ensino superior e 13,3% não sabia ler nem escrever.

No Dia Internacional de Sensibilização sobre a Prevenção da Violência Contra as Pessoas Idosa, Daniel Cotrim apela às pessoas e aos idosos vítimas para denunciarem este crime.

"A APAV tem um número gratuito (116006)" para pedir apoio, "porque falar ajuda", frisou.

Comentários
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  • Zé castanhas
    16 jun, 2016 Pombal 07:57
    Entretanto no mesmíssimo país os ceo's das grandes empresas públicas e ministros das mais variadas coisas auferem o rendimento mínimo X infinito elevado ao quadrado. Que bem que vai este país de burgueses.
  • Olga marques
    16 jun, 2016 Salvaterra magos 01:13
    Estou de acordo que os fihos que retirem os bens os pais sejam desirdados filhas retiram todo valor numerario os pais passando tudo para o nome das mesmas queixa a na pave 7anos de tribunal Mas. Ordens do juiz nao compridas pai feleceu com alzaima os cuidados duma so filha que teve que pedir dinheiro para pagar funeral mae ficou comigo mais trbunais para devolver bens a minha mae passa 4. Anos apos morte de pai e hainda não consegui resolver nada onde está a justiça Pará quê serve apave a justiça há 5 anos quê não telefonam a mãe nem vem vesitala se não fosse eu minha mãe vivia debaixo da Ponte o ja tinha morrido e o dinheiro continua no banco em nome das duas filhas e. Eu sozinha tomo conta da minha mae que justica esta morrer na miseria enquanto as filha tem o dinheiro com Elias nem justica nada se resolve quando minha mae falecer elas ficam com tudo e eu fiquei com o trabalho tenho provas de tudo o que aqui esta escrito quem me ajuda
  • Francisco Gomes
    15 jun, 2016 Lisboa 12:46
    Minha esposa, demente de Alzheimer e com outras patologias clínicas graves, foi vítima de violência financeira por parte de Passos Coelho e seu governo, ao roubar 50 euros a uma pensão de 240 euros (privado), desde 1 de Janeiro de 2012 (além de pagamento de IRS equivalente a mais de duas pensões que nunca tínhamos pago pelos baixos rendimentos auferidos), por ter uma outra de 460 euros (público) e para as quais descontou durante décadas. Situação essa que ainda se mantém nos dias de hoje.
  • Maria
    15 jun, 2016 Lisboa 10:13
    o extraordinário amor incondicional que só os laços de sangue providenciam, NOT!
  • Pedro
    15 jun, 2016 Lisboa 10:03
    este tipo de noticias são tristes porque são reais, mas temos de olhar verdadeiramente para o assunto e apontar quem são estes tipos que fazem tal violência financeira. todos sabemos que 98% das vezes são os proprios governos que sacam as pensões e empresas que aumentam os produtos aos quais são maioritariamente usado por pensionistas. o terrorista aponta o dedo ao terrorista, afinal quem tem a bomba? bem haja
  • 15 jun, 2016 VN Gaia 09:57
    Não é verdade, a retoma veio para ficar e as famílias nunca foram tão equilibradas, portanto nunca precisariam de depenar o que resta dos velhinhos!
  • Jose
    15 jun, 2016 Setubal 09:40
    Não acredito. Nós o povo mais bonzinho do mundo, nós que adoramos os idosos, as criançinhas e os animais. Não estarão a falar dos malandros Ingleses ou Americanos?
  • Teresa Lamarino
    15 jun, 2016 09:28
    A minha mãe e eu somos vítimas há mais de 30 anos. Já fizemos queixas, falamos com procurador do MP, Delegado de Saude, PSP etc, etc, etc, não adianta. Não pretendo desanimar outras vítimas, mas não posse deixar de Alertar uma das fases mais perigosas é quando se apresenta queixa. Existem pessoa que pensam que a partir dessa altura ficam protegidas, não é verdade!. Também sei que não se pode colocar um Polícia a guardar a casa de cada vítima 24 horas. E acescento que trabalho num dos Ministérios que trata da segurança de pessoas... pelo que sei que existem muita situações destes, violência doméstica, financeira, afins.

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