16 jun, 2016 - 13:46
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, diz que o elevado número de idosos isolados resulta de vários anos de ausência de estratégia para este grupo vulnerável.
Dados revelados pela GNR, esta quinta-feira, apontam para e existência, em Portugal, de mais de 43 mil pessoas nessa situação e Manuel Lemos não os considera surpreendentes, porque "esta desgraça é uma desgraça anunciada".
"Garanto-lhe que, para o ano, os números vão ser muito maiores, porque é o resultado de muitos anos e vários governos que, de uma maneira ou de outra, empurraram com a barriga para a frente em muitos aspectos sociais e não apenas económicos", critica.
Para o presidente da UMP, incrementar o apoio aos idosos deve ser encarado como "um desígnio nacional" que deveria por passar, no imediato, por "reforçar o apoio em casa", um trabalho em que o papel das autarquias "é fundamental".
Nestas declarações à renascença, Manuel Lemos faz ainda questão de lembrar "uma frase que o Papa Francisco disse há algum tempo numa das homilias que faz em Santa Marta": "Um povo que não cuide dos seus avós é um povo que não tem futuro porque não tem memória".
"Temos todos aqui um dever e, por isso, falo em desígnio nacional, porque é isso: é mesmo um povo que fica sem cultura, porque não tem memória", remata.
Apoio domiciliário é caro
Na mesma linha, o presidente da CNIS - Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade denuncia a falta de programas específicos de apoio aos idosos que vivem isolados.
O padre Lino Maia diz que conseguir "maior apoio poderá passar pelas instituições de solidariedade, mas, para isso, essas instituições também precisam de meios".
Para o presidente da CNIS, instituições e Governo devem esforçar-se para encontrarem em conjunto um programa que torne mais efectivo o apoio domiciliário aos idosos, mas Lino Maia lembra que "o apoio domiciliário é mais generoso, mais caro", tanto mais que não se cinge "à afeição, ao tratamento da roupa ou da higiene da casa".