20 jun, 2016 - 08:05
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Fernando Santos é um dos subscritores da petição contra a eutanásia. Ao que a Renascença apurou, o seleccionador nacional de futebol juntou-se à iniciativa intitulada "Toda a vida tem dignidade".
Lançada há pouco mais de um mês, a petição já reuniu metade das assinaturas necessárias para que seja discutida no plenário da Assembleia da República.
Entre as personalidades que subscreveram o documento estão também Mafalda Ribeiro, oradora motivacional, escritora e autora do blogue “Sorrir sobre Rodas”, e Sofia Galvão, vice-presidente do PSD.
O texto pede aos deputados “que não aprovem nenhuma medida contrária à dignidade da pessoa humana, sobretudo o suicídio a pedido e o homicídio a pedido da vítima (eutanásia)".
Solicita ainda "mais apoios para os idosos e um aumento da rede de cuidados continuados e de cuidados paliativos”.
A petição foi lançada a 14 de Maio, durante a Caminhada pela Vida, mas só este mês que será divulgada nas redes sociais e na sua versão em papel, em todo o país. Apesar disso, já estão reunidas metade das assinaturas necessárias para que petição venha a ser discutida em plenário do Parlamento (o mínimo são quatro mil assinaturas).
As assinaturas já existentes foram recolhidas online, no site www.todaavidatemdignidade.org.
“Igreja nunca deixará de defender a vida como bem absoluto para o homem”
Em Março, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) lançou uma nota pastoral que contesta uma eventual legalização da eutanásia em Portugal e rejeita qualquer solução que coloque em causa a “inviolabilidade” da vida.
“Não pode justificar-se a morte de uma pessoa com o consentimento desta. O homicídio não deixa de ser homicídio por ser consentido pela vítima: a inviolabilidade da vida humana não cessa com o consentimento do seu titular”, refere o texto.
Intitulada "Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador", a nota começa por recordar o debate que decorreu na Assembleia da República e na sociedade para depois criticar a “atitude simplista e anti-humana” de quem embarca em soluções tidas como “fáceis”.
“Não se elimina o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre”, defende o documento.
Em Abril, a CEP reforçou a sua posição de “total rejeição” de uma eventual legalização da morte assistida, afirmando, em comunicado que “a Igreja nunca deixará de defender a vida como bem absoluto para o homem, rejeitando todas as formas de cultura de morte”.
Eutanásia em debate desde Fevereiro
Tudo começou com um manifesto em defesa da morte assistida, assinado por políticos de vários quadrantes, cientistas, médicos e artistas. O documento, lançado no início de Fevereiro, deu entrada na Assembleia da República no dia 26 de Abril, com mais de oito mil assinaturas.
Os signatários defendem o direito a morrer com dignidade para os doentes que já sabem que estão condenados. Entendem, por isso, que nestas circunstâncias a morte assistida é um acto de beneficência e consideram que a criminalização da morte assistida no Código Penal fere os direitos fundamentais relativos às liberdades.
Da lista de signatários destacam-se a antiga ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz, o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o cientista Sobrinho Simões, que recentemente foi classificado pelos seus pares como o patologista mais influente do mundo.
Também Sampaio da Nóvoa, o advogado Rogério Alves e o director-geral da Saúde, Francisco George, assinaram o documento ao lado de médicos e vários políticos.