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Ministério defende que escolas podem passar alunos com muitas negativas

29 jun, 2016 - 09:00

Conselho Nacional de Educação já apelou à introdução das reprovações na agenda dos partidos, considerando o tema “o problema mais grave do sistema educativo”.

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Um aluno com muitas negativas passa ou não de ano? O Ministério da Educação defendeu que cabe às escolas decidir no âmbito do carácter de excepcionalidade das retenções previsto na lei, interpretado de forma livre pelos estabelecimentos.

O jornal “Público” noticiou que há escolas, como as do agrupamento do Montijo, que decidem passar de ano alunos que acumulam várias negativas, por vezes quase na totalidade de disciplinas do currículo, porque entendem que é isso que deve acontecer para respeitar o “carácter excepcional” das retenções previsto na lei para os anos escolares que não são de final de ciclo no ensino básico.

A interpretação livre da norma legal permite, no entanto, que haja escolas onde alunos com muitas negativas transitem para o ano seguinte, e que outras escolas ‘chumbem’ alunos com menos negativas.

Questionado pela agência Lusa, o Ministério da Educação começou por recordar que “há mais de uma década que a avaliação das aprendizagens assenta numa lógica de ciclo”.

“A decisão sobre a retenção de um aluno é precedida de um trabalho apurado por parte dos professores, dos conselhos de turma e dos conselhos pedagógicos, com o objectivo de identificar estratégias e actividades que permitam melhorar as aprendizagens. É por isso que a retenção, à semelhança dos normativos anteriores, é entendida como uma medida de excepção, cuja aplicação só pode ser tomada após um acompanhamento pedagógico do aluno, em que foram traçadas e aplicadas medidas de apoio face às dificuldades detectadas”, explica a mesma nota.

Numa recomendação de 2015, o Conselho Nacional de Educação (CNE) apelava à introdução das reprovações na agenda dos partidos políticos, considerando o tema “o problema mais grave do sistema educativo”.

O presidente do CNE, David Justino, referiu a necessidade de inverter “a cultura da retenção” instalada nas escolas e aceite como natural pela sociedade, mas frisou que isso não era sinónimo de uma defesa de “facilitismos ou passagens administrativas”.

Aquando da apresentação da recomendação, o CNE estimava que o fenómeno das retenções atingisse cerca de 150 mil alunos, com um custo anual de 600 milhões de euros ao Estado.

Este ano, um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) veio apontar que Portugal é um dos países desta comunidade onde os alunos mais reprovam, posicionado em oitavo lugar.

O relatório revela que em Portugal a retenção é o principal factor de risco na probabilidade de os alunos virem a ter maus resultados, o que levou a OCDE a aconselhar o país a mudar a sua política.

Comentários
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  • Carlos Jorge
    08 ago, 2016 Almada 16:48
    O facilitismo é a origem destes resultados. E quanto mais facilitarem pior irá ser no futuro. Os alunos têm de ser estimulados a estudar e a passagem de ano devia ser o resultado natural do esforço dos alunos, individualmente considerados, ao longo do ano. Por outro lado se, independentemente do esforço e da nota atingida pelo aluno, houver lugar a passagem de ano, não só o aluno não é estimulado a estudar (para quê, se quer estude quer passe o ano na brincadeira passa na mesma?) como no ano seguinte irá ter ainda mais dificuldades na aprendizagem da matéria (mais complexa). Como é que mestres, doutourados em educação e os responsáveis pela educação neste país não entendem isto, que me parece bastante simples e verdadeiro? Assim não vamos lá. E o ensino é uma mentira. As escolas deixam de ser locais de aprendizagem. Assumam de uma vez que a escola não é obrigatória e entreguem o ensino às igrejas, como era há 200 anos. Retrocesso civilizacional dirão uns e eu pergunto não é o que temos agora? Claro que quem manda neste país arranja esquemas "train and job" bem remunerados, "relvas" e "sócrates" para si e para os seus. Outros estão bem informados e os seus rebentos vão para turmas e escolas (públicas, privadas ou cooperativas) seleccionadas, onde sabem que não existe esta "bandalheira". Que pena para os menos informados, com menos conhecimentos (menos cunhas também), ou menos interessados e seguramente com menos posses financeiras. Assim não há renovação das elites.
  • Amândio Nogueira
    30 jun, 2016 Lisboa 11:25
    É natural que haja repetentes: turmas enormes e cultura do encornanço durante décadas e décadas, em detrimento da cultura do do estímulo do estudo e do apelo ao raciocínio raciocínio só podia conduzir a isto. Entrar um jovem professor numa sala de aula pela primeira vez e encontrar todos os alunos de esferográfica em punho e caderno à frente prontos para o professoral ditado só pode dar - e continua a dar - bota!
  • Petervlg
    29 jun, 2016 Trofa 16:51
    Sr. Ministro, envie esses alunos para os colégios, que ficam logo com boas notas e é sempre a passar de ano.
  • José
    29 jun, 2016 Braga 15:56
    Este é sem dúvida o caminho da desgraça das novas gerações... E desta forma, perpetua-se várias gerações, de gente amorfa sem espinha dorsal, estúpida, ignorante, fútil, que só pensa, em se embriagar até cair, em sexo sem mexo, em andar a porrada por futilidades, lançar insultos ao volante, reclamar sem razão, pois estão habituados ao facilitismo...E por ai a fora... E depois, disto tudo, temos uma sociedade preguiçosa, mal preparada com uma vida vazia. Apesar, deste ser o caminho mais fácil no imediato, no futuro, a factura deste tipo de decisões vai ser pesada.
  • Paulo
    29 jun, 2016 Lisboa 13:16
    Alunos retidos porque chumbaram a ingles outros retidos varias vezes no mesmo ano porque não querem estudar e o estado com uma factura das retenções que os portugueses não devem pagar especialmente quando os alunos não tem vocação neste caso concordo com o ministerio sempre a andar até ao 12º quem teve notas vai pra universidade quem nao teve vai para os cursos profissionais não atrasem mais o pais com conservadorismos.
  • Victor Marques
    29 jun, 2016 Matosinhos 11:49
    Caminhamos para a "jumentação" dos alunos?!!!...

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