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Plano de defesa da floresta carece de revisão, diz ex-ministro da Administração Interna

09 ago, 2016 - 13:26

Rui Pereira, que foi ministro com José Sócrates, diz que as causas profundas para a falta de ordenamento do território são múltiplas e incluem fenómenos difíceis de combater, como o do despovoamento e, até, o da baixa natalidade.

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A vaga de incêndios que se têm feito sentir nos últimos dias comprovam que o plano de defesa da floresta precisa de ser revisto, diz o ex-ministro da Administração Interna, Rui Pereira, à Renascença.

Rui Pereira recorda que o plano esteve em curso de 2006 a 2012 e que o que está agora activo começou nesse ano e termina em 2018, mas que “tem de ser revisto com urgência e as medidas serem cumpridas”.

“As causas de fundo” da falta de ordenamento do território, diz o ex-ministro, “resultam do despovoamento do interior, da própria queda da natalidade e em boa medida do abandono da agricultura. Combater essas causas profundas é complicado”, conclui.

É para isso que serve o plano, acrescenta. “O que pensamos sempre é no combate e na prevenção a cargo das forças de segurança, dos bombeiros e das autoridades, mas há um plano que extravasa largamente esse nível, que é um plano da prevenção estrutural, que diz respeito à agricultura, repovoamento e ordenamento do território. O plano da defesa da floresta é um plano muito concreto, que tem de ser levado muito a sério. Tem de haver um acordo nacional, ao nível político, que envolva as autarquias, para tratar disto.”

No que diz respeito ao aspecto legal, Rui Pereira recorda que em 2007 foi agravado o enquadramento jurídico do crime de incêndio florestal. “Deixou de ser preciso um perigo específico”, pelo que qualquer incendiário incorre automaticamente numa pena de oito anos, que pode ser agravada até 12 anos, explica.”

Ainda assim, “É preciso apostar mais na investigação criminal. É necessário que os órgãos competentes, a PJ, PSP e GNR tenham todos os meios para descobrir os criminosos e que a justiça tenha a mão pesada.”

Por fim, Rui Pereira diz que foi um erro ter-se acabado com o cargo de governador civil, uma medida do Governo de Pedro Passos Coelho. “Embora não seja remédio para todos os males, foi um erro acabar com os governadores civis, porque eles funcionavam como intermediários entre o poder central e as autarquias.”

Os últimos dias têm sido de enorme preocupação para os bombeiros, com centenas de incêndios e vários de grande dimensão, tanto no continente como na ilha da Madeira.

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  • Justo
    09 ago, 2016 Leiria 16:45
    A CULPA É DOS GOVERNANTES: JUNTAS DE FREGUESIAS, CAMARAS E PROTECÇÃO CIVIL! A LEI DOS 50 M DAS CASA NÃO É CUMPRIDO ! a GNR FAZ ORELHAS MOUCAS E ASSIM CONTINUAMOS TODOS OS ANOS! SÃO TODOS INCOMPETENTES! RUA NÃO PRESTAM PARA GOVERNAR!
  • Oliveira
    09 ago, 2016 PORTALEGRE 16:44
    O problema dos incêndios reside na indústria dos meios para apagar os fogos.Altere-se o paradigma e, ao invés de alocar muitos meios, cria-se uma linha de crédito a majorar em função das ausências de ocorrências, bem assim, nos períodos menos críticos planeiem-se queimadas.As juntas de freguesias tem um papel fundamental em parceria com as populações no planeamento e controlo dos focos de risco.Aposte-se no interior e na fixação das populações.Multas para quem não cuidar dos seu património florestal.
  • Zé Pagante
    09 ago, 2016 Lisboa 16:32
    Continua-se a votar na mesma CORJA à 40 anos. Têm o que merecem.
  • gualter
    09 ago, 2016 coimbra 16:10
    O problema principal são as matas e florestas que não são limpas. Depois a maioria da população do interior e principalmente nas aldeias são a consanguinidade. Primos e primas casados existem aos milhares se não milhões. Os filhos nascem com um problema muito grande de saúde mental. Por muito que nos custe é este o povo que temos! Não é de admirar existirem tantos desequilibrados mentais e pirómanos. Daqui a 50 ANOS continuamos a falar destes incêndios como hoje. O problema é grande pois é mas, tem solução. Expropriem os terrenos que não são limpos!!!
  • Victor
    09 ago, 2016 Lisboa 16:08
    Nunca nenhum governo pôs termo a esta situação dos incêndios. De ano para ano, a situação agrava-se. Salvo raras excepções, eu não acredito na história do fulano que deixou a o cigarro na mata. Alguém pretende "queimar" o nosso país, possivelmente outros interesses se levantam. Possivelmente também, muitos dos incêndios são desencadeados por via aérea, tal a extensão dos mesmos. Os nossos investigadores deverão ter isso em consideração. Protecção Civil? Penso que não existe. Apenas surge para fazer o ponto da situação após as desgraças.
  • Fernando Magalhães
    09 ago, 2016 Massamá 15:41
    Comecem por limpar as florestas... Quando se olha para as reportagens televisivas que cobrem os incêndios, vê-se sempre uma quantidade impressionante de restolho pronta para arder... Quanto à investigação criminal, claro que é uma ajuda preciosa, mas muitas vezes os incendiários são apanhados em flagrante, mas são libertados quase imediatamente por um qualquer juiz, porque são inimputáveis, coitados...
  • Fred
    09 ago, 2016 Lx 15:39
    Era muito facil acabar com isto. Tem terreno e nao limpa? 50000€ de multa. Incendiario? 20 anos de prisao. Ardeu? Nao se pode construir nem aproveitar a madeira por 25 anos. Acabava de um dia para o outro.
  • graciano
    09 ago, 2016 alemanha 15:22
    mas isto vai mudar segundo me disse um amigo meu esta a ser criado um piquete de bombeiros composto pelos deputados e ex ministros segundo ele me disse ja estao a receber treino nas termas do carvalhal sera verdade ou meu amigo estaria a sonhar
  • Malaquias
    09 ago, 2016 Lemos 14:56
    Esvaziaram o "papel" dos serviços florestais ao longo dos anos...criaram condições para o abandono da floresta.
  • Serpa
    09 ago, 2016 Viseu 14:43
    Só quero deixar uma pequena observação! Eu neste momento estou a trabalhar fora do meu país! Não por minha vontade, mas devido ás circunstancias económicas tive de rumar a outras paragens. Nesse meu país, há coisa de 3 anos apresentei uma proposta de empreendedorismo a nível local, podendo estender-se a nível regional e quiçá abranger parte do país... Um projecto agrícola/florestal! Basicamente consistia em modernizar o que os antepassados realizavam! Limpar as florestas e obtendo assim adubos biológicos para as culturas, para além de fazer um pequeno cadastro dos proprietários dos terrenos para melhor organização! Tinha passado um ano do enorme e infeliz fogo na serra do caramulo! Quando cheguei para apresentar o meu projecto a autarquias, ministérios da agriculturas, PRODER, QREN, etc... só recebi a simples resposta: "Desculpe, mas esse projecto não está dentro dos que são abrangidos para ser financiado!" Qual o meu espanto, o que interessa é todos seguirem os cordeirinhos… Mirtilos, Frutos vermelhos, ervas aromáticas… Um projecto inovador e defensor da natureza que por acaso estava bem formulado, obtive uma resposta destas! Mais um ano que infelizmente se está a ver e a dizer sempre a mesma coisa! Causas principais: LIMPEZA DAS FLORESTAS! RESPONSABILIZAR OS PROPRIETÁRIOS! LOBYS E MAIS LOBYS!!! E O POVO COITADO A VER A ARDER!

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