11 ago, 2016 - 11:34 • Ana Rodrigues
A vaga de fogos trouxe à actualidade o debate sobre a utilização de meios da Força Aérea no combate aos incêndios. Houve tempos em que eram utilizados aviões militares, mas foi prática que desapareceu no final dos anos 1990 por decisão política.
Actualmente, a Força Aérea não tem condições para participar no combate directo às chamas, mesmo que fosse essa a vontade do Governo.
Os aviões C-130 equipados com kits de combate aos fogos foram descontinuados por decisão política em finais dos anos 1990. Na altura, considerou-se que a participação da Força Aérea não era necessária.
Desde então estes kits (compostos por um sistema que embarca e confere à aeronave a capacidade de combate directo aos incêndios, através da libertação de cerca de dez mil litros de produtos retardantes) não sofreram manutenção e, por isso, estão obsoletos. A opção seria a utilização dos helicópteros Puma, que estão em Beja mas que têm primeiro e ser requalificados, assim como a tripulação e pessoal de manutenção com ajuda de uma força aérea estrangeira.
Fontes nesta área, contactadas pela Renascença, dizem que esta seria a melhor opção.
Um documento com esta sugestão foi entregue pela Força Aérea e Protecção Civil ao anterior Governo a 15 de Setembro de 2015.
O relatório MAMIP - meios aéreos empregues em missões de interesse público – elaborado por um grupo de trabalho composto por elementos da Força Aérea Portuguesa e da Protecção Civil, sugeria várias soluções de intervenção.
Este texto surge a pedido do executivo de Passos Coelho que solicitou à Força Aérea que estudasse a melhor maneira deste ramo participar no combate aos fogos.
O actual Governo já deu conta que esta é uma hipótese pouco provável, porque a Força Aérea teria de receber os helicópteros Kamov para manutenção. A Força Aérea não quer pois teria custos muitos elevados, não só a manutenção como a própria utilização: cada hora de voo custa 35 mil euros.
As chamas não dão tréguas aos bombeiros. Nos últimos dias, o número de fogos registados ultrapassou sempre as 300 ocorrências, mobilizando milhares de operacionais e centenas de meios.