17 ago, 2016 - 18:36
A Câmara do Funchal estimou em 61 milhões de euros os prejuízos provocados pelos incêndios da semana passada em prédios e infra-estruturas do concelho. Os números foram apresentados esta quarta-feira ao Governo, numa reunião em Lisboa.
O relatório do levantamento de danos provocados pelos fogos no conjunto edificado privado e público e nas infra-estruturas públicas do município do Funchal refere que 300 edifícios foram afectados – 177 ficaram totalmente destruídos e 123 parcialmente, em oito das dez freguesias que integram o concelho (apenas São Martinho e Sé não sofreram ocorrências).
A câmara detectou, por outro lado, que 861 moradores foram afectados pelos fogos no concelho, 531 das quais estão desalojados, tendo em conta os edifícios totalmente destruídos.
A autarquia estima em 35.766 milhões de euros os custos de construção a afectar a todo o conjunto edificado atingido.
Ao nível das infra-estruturas municipais, a Câmara do Funchal, liderada pela coligação Mudança (PS, BE, PTP, MPT e PAN), estimou que sejam necessários para a sua recuperação 25.320 milhões de euros.
Em termos de edifícios, as freguesias mais afectadas foram Monte (82), Santa Luzia (77) e São Roque (49). Foi nesta freguesia, nas zonas altas do concelho, que o incêndio começou, por volta das 15h00 do dia 8 de Agosto.
Segundo o relatório municipal, os incêndios tiveram a sua origem no sítio da Alegria, propagando-se depois pelas zonas altas das freguesias de Santo António, Monte, Santa Maria Maior e São Gonçalo.
Entre as estruturas da autarquia atingidas pelos fogos, conta-se o Parque Ecológico do Funchal, afectado em cerca de 60% (430 hectares) da sua extensão.
O relatório destaca ainda a necessidade de intervir ao nível das redes de água e de várias estradas, escarpas e veredas municipais.
Quanto à frota afecta ao Serviço Municipal de Protecção Civil, a autarquia constatou a necessidade de uma "manutenção extraordinária" e "recuperação do parque de viaturas", assim como da reposição dos equipamentos de combate aos incêndios e dos materiais de primeiro socorro.
O documento evidencia que os incêndios decorridos afectaram também as zonas urbanas centrais da cidade, incidindo nas freguesias de São Pedro, Santa Luzia e Imaculado Coração de Maria, inclusive no núcleo histórico da cidade (freguesia de São Pedro).
"Nesta sequência e atendendo à grandeza do evento, foi accionado no dia 9 [de Agosto], pela manhã, o Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil do Funchal e desactivado no dia 16 de Agosto", lê-se no relatório.
A Câmara do Funchal destaca, por outro lado, que a orografia acidentada do município, as temperaturas excepcionalmente elevadas (atingindo 38 graus), os níveis de humidade muito baixos (abaixo dos 30 graus) e os ventos muito fortes (com rajadas que atingiram 80 quilómetros/hora) resultaram em "condições óptimas à propagação descontrolada dos fogos", quer florestais, quer urbanos.
"Importa referir que o estado de alguns terrenos nas zonas periurbanas e urbanas, situação que o município tem vindo a contrariar, notificando os proprietários no sentido da sua limpeza, foi outro dos factores que muito contribuíram para a situação grave de incêndios vivenciada nos últimos dias", salienta.
A autarquia identifica dois "grandes factores" que motivaram o deflagrar dos focos de incêndio nas zonas urbanas, nomeadamente a antiguidade das edificações e estado de ocupação devoluto e a localização abrangente dos edifícios em zonas de taludes ameaçadas por um elevado grau de perigosidade de incêndio.
"Nas áreas florestais os motivos associados identificam-se essencialmente com a limpeza das florestas e predominância de um coberto vegetal facilmente inflamável", refere o documento.
Devido a estes fogos, morreram no concelho três pessoas.