19 set, 2016 - 11:34 • Anabela Góis
A saúde dos portugueses mais velhos mais piorou substancialmente com a crise. De acordo com o coordenador do Plano Nacional de Saúde, Rui Portugal, os indicadores que mostravam uma evolução muito positiva desde 2004 sofreram uma travagem, com a chegada da “troika”.
“Verificámos que, de facto, não temos uma melhoria da condição de vida das populações mais idosas nestes últimos anos que atravessamos com a intervenção da ‘troika’. Os ritmos que nós íamos tendo de melhoria foram abrandados, em alguns casos, com algum significado”, diz à Renascença.
As pessoas com mais de 65 anos viram a esperança de vida aumentar mas não a esperança de vida saudável. Rui Portugal esclarece que houve uma aproximação entre homens e mulheres mas pelas piores razões. “Verificámos que a diferença é, neste momento menor, mas não de uma forma desejável: tem a ver com uma melhoria das mulheres de facto, mas um estado menos bom dos homens. Não é isso que queremos”, garante.
A crise também afectou a redução das mortes prematuras por doença cardiovascular: entre 2006 e 2010 caíram 3,5%, enquanto que, nos três anos seguintes, diminuíram menos de metade (1,4%).
Com esta realidade a Direcção-Geral da Saúde (DGS) apresenta um novo plano nacional 2016-2020 com quatro objectivos: reduzir em 20% a mortalidade prematura, aumentar em 30% a esperança de vida saudável aos 65 anos, reduzir o consumo de tabaco e controlar o excesso de peso e obesidade.
O coordenador defende o reforço das medidas que permitam melhorar o bem-estar da população, envolvendo empresas e autarquias na promoção do envelhecimento activo.
Apesar deste cenário negativo dos tempos da “troika”, Rui Portugal acredita que já estamos a recuperar e até que vai ser possível atingir as duas principais metas do Plano Nacional de Saúde.