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​Mais camas e maior especialização. Cuidados paliativos devem ter estatuto de especialidade clínica

21 set, 2016 - 15:15 • Teresa Almeida

Plano Estratégico da Comissão de Cuidados Paliativos para o Biénio 2017-2018 lembra que há um universo que se estima até 89 mil doentes, muitos deles sem resposta apropriada.

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A Comissão Nacional de Cuidados Paliativos define como prioridades do Plano Estratégico para o Biénio 2017- 2018 o aumento do número de camas e a formação de equipas especializadas.

O plano, que está em discussão pública a partir desta quarta-feira, defende que a elevação a especialidade clínica é necessária para acompanhar um universo que se estima até 89 mil doentes, muitos sem resposta apropriada. Na mesma linha, o grupo quer também a criação de unidades de cuidados paliativos na maioria dos hospitais.

A ideia será tratar os doentes paliativos como uma especialização clínica. Numa primeira fase é preciso dotar nove hospitais do país de unidades específicas nesta área: o Centro Hospitalar do São João (Porto), o Centro Hospitalar do Porto, o de Coimbra, três centros hospitalares da Grande Lisboa, bem como os três Institutos Portugueses de Oncologia (IPO) existentes no país.

Estes hospitais vão ficar com a resposta mais adequada às pessoas com doenças incuráveis. A responsável pela Comissão, Edna Gonçalves, lembra que em causa não estão “só pessoas próximas da morte, mas de pacientes com doenças que podem durar anos”.

O que se pretende, segundo o plano agora colocado a discussão pública, é que os doentes dos cuidados paliativos sejam considerados doentes clínicos e, que desta forma, tenham acesso a uma vaga com a maior rapidez possível, por forma a serem acompanhados por uma equipa de profissionais, completa.

Em entrevista à Renascença, Edna Gonçalves prevê que, nos próximos dois anos, seja colocada no terreno o essencial desta reforma. “Quer-se um posicionamento diferente dos cuidados paliativos, entendendo-os muito como uma especialização clinica, quer para médicos, quer para enfermeiros, quer para psicólogos”.

No fundo, diz, agiliza-se a entrada do doente na rede hospitalar e “garantir, de forma rápida, uma vaga como se tratasse de cardiologia, medicina interna ou até cuidados intensivos”.

“A vaga tem de existir, se não for num hospital perto, tem de se alargar o leque de procura, mas tem de existir”, explica.

Mais camas e mais formação

No entanto, para chegar a esta fase é preciso alterar o funcionamento de algumas unidades já existentes. Das 26 a funcionar no país, 22 estão integradas na rede nacional de cuidados integrados, metade funcionando em hospitais ou em instituições de solidariedade social.
A comissão pretende agora que 11 destas unidades passem a funcionar como unidade hospitalares de doentes agudos, para que seja mais fácil todo o processo burocrático de internamento e alta destas doentes, o que permite o aumento para as quase 500 camas disponíveis, quase 200 a mais.

Edna Gonçalves admite que desta forma “a burocracia para internar um doente deixa de existir”.

Para completar a reforma é preciso também a formação intensiva de médicos, enfermeiros e de outros profissionais necessários. Segundo Edna Gonçalves “o que falta é a prática destes profissionais e não a teoria e por isso vamos criar estágios em vários hospitais dedicados a esta vertente clinica para que dentro de algum tempo possamos ter profissionais experientes nesta matéria”.

De acordo o documento agora apresentado, o plano aposta também no trabalho integrado com os centros de saúde que vão permitir aumentar o apoio domiciliário. A ideia é ir além de dirigir equipa a casa do doente, mas sim ir onde ele estiver. “A nossa ideia não é agrupá-los todos num espaço. Se estão em casa vamos a casa, se estão num lar, vamos a um lar ou se estão numa rede de cuidados continuados vamos aí também”, remata.

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