23 set, 2016 - 11:51
O primeiro inquérito interno do Exército à morte de instruendos no curso de comandos, no início do mês, deverá ficar concluído na próxima semana. A Renascença apurou que o processo de averiguações internas deverá ser finalizado nos próximos dias e que outras linhas de orientação podem surgir.
O caso remonta a 4 de Setembro, quando dois militares morreram após treino feito sob temperaturas elevadas, durante o curso de comandos. Em causa estão as mortes dos militares Hugo Abreu e Dylan Silva.
Entretanto, a RTP adianta que um dos comandos que morreu terá sido forçado a comer terra depois de entrar em convulsão. Na sua edição online, a televisão pública cita testemunhos da mãe da vítima e de vários instruendos que adiantam essa informação.
À Renascença, o porta-voz do Exército não se alonga em comentários e recusa-se a comentar os resultados da reportagem, que revela novos dados sobre a morte do comando Hugo Abreu.
Vicente Pereira admite que “o Exército está disponível para colaborar perante as entidades competentes, como tem colaborado, de forma totalmente transparente”. Revela no entanto que os dados divulgados pela RTP podem ser uma nova linha de orientação da investigação.
“Acredito que a Polícia Judiciária Militar irá avaliar se vale a pena acrescentar estes dados à investigação. Será ela que deverá decidir o que fazer com o que revela a reportagem da RTP, porque é ela que tem a linhas de orientação”, adianta o responsável.
Noutro plano, e em relação às outras duas investigações que estão, nesta altura, no terreno, a cargo da Polícia Judiciária Militar e a da Inspecção-geral do Exército, deverão atrasar-se, devido à falta dos relatórios da autópsia.
Vicente Pereira avança que “o Instituto de Medicina Legal quer fazer novas análises à matéria recolhida durante a autópsia aos corpos dos comandos, apesar dos nossos colegas já terem sido enterrados”.
Hugo Abreu morreu no dia 4 de Setembro, depois de ter sido detectada a indisposição, devido a um "golpe de calor", de acordo com o Exército.
"Ficou internado em observação e ao final do dia, depois do jantar, o estado clínico do militar piorou. Foi decisão do médico transferi-lo para um hospital. Infelizmente, antes disso, o nosso camarada teve uma paragem cardio-respiratória e acabou por falecer", explicou na altura à Renascença o tenente-coronel Vicente Pereira.
No mesmo curso andava Dylan Araújo da Silva, também de 20 anos. Foi internado no dia 6 de Setembro, mas não conseguiu sobreviver aos problemas hepáticos e morreu uma semana depois.
O caso já desencadeou investigações na Justiça - instauradas quer pelo chefe do Estado-Maior do Exército, quer pela Procuradoria-Geral da República - e levou à suspensão dos cursos de Comandos do Exército.
Após uma interrupção do actual curso, 17 militares (um oficial, quatro sargentos e 12 soldados) desistiram, avança a RTP.
[Notícia actualizada às 14h45]