Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Detidos mais incendiários do que em 2015. Menos de metade ficam presos

30 set, 2016 - 08:56 • António Pedro

Motivos pessoais, fúteis ou negligência estão na origem do comportamento dos incendiários.

A+ / A-

Veja também:


A Polícia Judiciária abriu este ano 1.620 inquéritos pelo crime de incêndio florestal e deteve 80 presumíveis incendiários, sendo que 33 ficaram a aguardar julgamento em prisão preventiva.

Os números nacionais são revelados à Renascença pela PJ. Quando comparado com igual período do ano passado, foram abertos mais 406 inquéritos e feitas mais 24 detenções.

Contudo, a percentagem dos detidos por fogo florestal que ficou em prisão preventiva continua abaixo dos 50% (41%).

O coordenador nacional da PJ na Investigação dos Fogos Florestais, Rui Almeida, lembra que a “aplicação da prisão preventiva não depende da apreciação que a Polícia Judiciária faz, depende da apreciação judiciária”.

Ainda assim revela-se satisfeito com os números. “Parece-nos uma taxa bastante boa, quase metade dos detidos ficam em prisão preventiva, sendo certo que devemos acrescentar também os indivíduos que ficam sujeitos à chamada prisão domiciliária. Temos seis indivíduos também nessa situação, cinco deles sujeitos a vigilância electrónica”.

Rui Almeida ressalva que entre os detidos, cerca de 20% eram reincidentes, um fenómeno que tem a ver com o próprio perfil dos incendiários.

“Na maior parte dos casos, são indivíduos que têm problemas de doenças mentais ou de alcoolismo. Pessoas com baixa auto-estima, baixa escolaridade, com pouca capacidade de determinação, com pouco juízo de autocensura. E portanto, ’facilmente’, voltam a cometer incêndios de ano para ano e muitos deles, quando são detidos, até confessam incêndios de anos anteriores”, revela.

O coordenador aponta a existência de casos assustadores.

“Tivemos o caso de um detido, feito pelo Departamento da Guarda, em que o indivíduo desde 2013 até ao ano que corre, cometeu mais de 30 crimes de incêndio. Ele só agora é que foi confrontado com a situação e acabou por assumir três dezenas de incêndios”, diz.

Vingança, conflitos e negligência

Mas e o que é que está na origem do comportamento dos incendiários?

“Sentimentos de vingança, conflitos familiares, por vinganças pessoais, por situações de divórcios, separações, de relações mal resolvidas, por motivos fúteis, às vezes sem motivo nenhum”, explica Rui Almeida. Há também “alguns casos de indivíduos que cometem o crime de incêndio porque daí retiram algum benefício económico, embora seja uma percentagem relativamente pequena, no total da amostra que nós vimos a estudar há 20 anos”.

Ainda assim, explica Rui Almeida, a principal causa dos incêndios em Portugal, entre 35 a 40% dos casos, continua a ser a negligência.

“Umas pessoas colocam incêndios sem terem bem a noção daquilo que pode acontecer a seguir. O incêndio, às vezes, está muito ligado à pastorícia, à limpeza de terrenos, à renovação de pastagens. A pessoa pensa que consegue controlar aquela pequena queimada e o incêndio descontrola-se”, descreve Rui Almeida, considerando que são situações que ficam “entre uma negligência mais ou menos grosseira e quase com dolo eventual”.

Apesar de todas as campanhas, ainda há os casos de beatas mal apagadas.

“São comportamentos às vezes um bocadinho descuidados, alguns negligentes e alguns com negligência mesmo muito grosseira, quase a roçar o chamado dolo eventual. Há pessoas que, em dias de muito calor, atiram uma beata fora pela janela do carro, fazem uma queimada ou cozinham na mata. São situações, de facto, de negligência muito grosseira”, remata.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Mafurra
    04 out, 2016 Lisboa 18:56
    O problema de Portugal não são os incêndios. É a falta de Justiça !
  • Jorge Silva
    02 out, 2016 Lisboa 16:50
    Sabem atear o fogo, que irá provocar a a desgraça e a miséria de muita gente, mas quando chega a hora de responder pelos seus actos, ai Jesus que o menino zangou-se com a namorada, tem problemas mentais, acordou mal disposto, a mulher fartou-se de o aturar, não tinha dinheiro pra dose ! É só escolher uma das opções e para a nossa (in) Justiça qualquer delas serve. Coitadinha da criatura, não pode ser culpada de nada. No fim as pessoas que ficaram sem os seus bens é que sofrem as consequências e quem as provocou ficou cantando e rindo.
  • graciano
    30 set, 2016 alemanha 11:12
    Detidos mais incendiários do que em 2015. Menos de metade ficam presos isso nao e nuvidade so ficam presos aqueles que nao teem quem os instrua e dinheiro para pagar a um advogado ou a um medico
  • Rosinda
    30 set, 2016 palmela 11:11
    Essa musica americana so chegou perto de mim agora!

Destaques V+