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Quem tem uma pensão de milhares de euros deve receber complemento social?

17 out, 2016 - 23:44 • Ana Carrilho

Na Renascença, os economistas Miguel Coelho e Bagão Félix falaram sobre a sustentabilidade da Segurança Social.

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Há beneficiários da pensão de velhice que recebem o complemento social mas não deviam ter direito porque têm reformas elevadas, defende o economista Miguel Coelho.

Em declarações à Renascença, o especialista em Segurança Social dá o exemplo de pessoas com pensões de milhares de euros que recebem o complemento social.

“Na pensão mínima do sistema previdencial há duas grandes componentes. Uma primeira componente tem a ver com a pensão estatutária, isto é, a pessoa contribuiu durante 15 anos e tem direito a uma determinada pensão em função das suas contribuições”, começa por explicar.

“Vamos admitir que a pensão mínima é de 263 euros. A pessoa tem uma pensão estatutária em função das suas contribuições de 100 euros, como é que perfaz esses 263 euros? Através do chamado complemento social”, sublinha.

Para Miguel Coelho, o Governo deve “sujeitar a condição de recurso o denominado complemento social” e argumenta porquê: “Quando eu estive na Segurança Social foram identificadas centenas de pessoas que recebiam pensões de outros sistemas de protecção, pensões de três, quatro ou cinco mil euros, e que estavam a receber o complemento social”.

Para Miguel Coelho, é importante que sejam as pessoas que realmente precisam a receber, porque os recursos da Segurança Social não são infinitos. Por isso, aplaude a decisão do Ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, que anunciou que a condição de recursos vai ser aplicada aos complementos, mas apenas para o futuro, não havendo mexidas nas pensões actualmente em pagamento.

O Governo anunciou que as pensões entre 275 e 628 euros vão ter um aumento global de 10 euros, a partir de Agosto do próximo ano. E esta segunda-feira, a secretária de Estado da Segurança Social adiantou que algumas pensões abaixo de 275 euros também poderão ser contempladas por esta subida.

Este aumento extraordinário das pensões poderá custar mais 200 milhões de euros em 2017, um valor que, na opinião do economista Miguel Coelho, em nada afecta a sustentabilidade da Segurança Social.

Desemprego é principal ameaça à sustentabilidade da Segurança Social

Também ouvido pela Renascença, Bagão Félix considera que não há, para já, razão para alarme sobre a sustentabilidade da Segurança Social.

O antigo responsável pela pasta defende que, mais do que a demografia, é o desemprego que mais pesa nas contas da Segurança Social. Bagão Félix identifica um “triplo efeito nas contas”: os subsídios de desemprego que o Estado tem que pagar; as contribuições que os desempregados deixam de fazer através da taxa social única (TSU) e do IRS; e quem está desempregado não está a trabalhar mas esse tempo conta para efeitos da reforma de velhice.

Essa é uma das razões porque Bagão Félix considera que a despesa da Segurança Social está relativamente controlada. Porque o desemprego baixou e foi criado mais emprego e, assim, entram mais descontos e pagam-se menos subsídios.

Além disso, o ex-ministro lembra que Portugal já tomou várias medidas para assegurar a sustentabilidade financeira. E diz mesmo que não há nenhum sistema tão sustentável como o da Segurança Social.

Bagão Félix sublinha que a Segurança Social contribui decisivamente para reduzir a pobreza em Portugal.

“A nossa taxa de pobreza anda à volta de 18% ou 19%. Se não fossem as pensões e as transferências da Segurança Social, a nossa taxa de pobreza era de 44% da população. Veja bem o efeito redistributivo que se pede à Segurança Social para minorar a pobreza.”

Por isso, Bagão Félix gostaria que o Governo aumentasse também todas as pensões mínimas, inferiores a 275 euros, privilegiadas pelo anterior executivo com os aumentos.

À Renascença, o ex-ministro referiu ainda como positivo o facto de o Governo ter decidido aumentar o abono para crianças até aos três anos e iniciar um processo de prestação única para as situações de deficiência.

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  • Carlos
    18 out, 2016 Viana 10:27
    Alguém se recorda do anterior governo ter tentado reduzir o montante em 10% dos complementos de pensões mínimas recebidas por pessoas com rendimentos superiores a 2000 € ? Eu recordo-me , foi um Carnaval que acabou com o Tribunal constitucional a inviabilizar a medida , tendo como base as legítimas expectativas dos cidadãos , os direitos adquiridos e a quebra de confiança. Alguma coisa mudou ou acordaram agora para essa situação ? Já me esquecia, o governo agora é de "esquerda" e já não há direitos adquiridos e legítimas expectativas.A aldrabice continua em ritmo acelerado.
  • Anónimo
    18 out, 2016 laura.rosario@espap.pt 10:00
    Como é que as pessoas vivem com 275 €, a começar com Bagão e Passos?
  • Elisabete
    18 out, 2016 Santarém 09:56
    É uma afronta a pergunta inicial! Complemento social para quem já tem reforma de milhares de euros!!!???? Então sugiro que retirem a reforma de milhares de euros a quem a tem e lhe paguem só 275€ para viver como as outras pessoas! Os restantes milhares distribuam pelos que passam fome!!!!
  • Carlos Alberto
    18 out, 2016 Coimbra 09:33
    Estes "Ingenheiros" ainda não compreenderam que temos dezenas de milhares de ex-imigrantes que têm pensões dos países onde estiveram mas que, tendo trabalhado por cá antes de irem para o estrangeiro, têm direito a pequenas pensões e aos respectivos complementos, tendo ainda direito a todas as isenções de Taxas Moderadoras da Saúde e Regime Especial de Comparticipação de Medicamentos. Já o disse inúmeras vezes, já comuniquei à Autoridade Reguladora da Saúde mas ninguém faz nada.
  • Manuel Santos
    18 out, 2016 Gondomar 09:16
    Claro que sim, senão que outra forma vamos arranjar para levar isto à bancarrota outra vez?
  • Ernesto
    18 out, 2016 Lisboa 09:14
    Todos sabemos que quem tem pensões de milhares de euros não recebe complemento social porque a SS não autorizava mas existe muito que recebem complemento social e têm milhares de euros em propriedades e a render em certificados de aforro.
  • Joao
    18 out, 2016 Braga 08:59
    Não
  • tuga
    18 out, 2016 lisboa 08:36
    Quem nunca colocou um chavo na segurança social deve ter reformas??? há instituições sem nenhum fim social a mamarem da segurança social (sei o que digo)!!!! Deveriam haver valores mínimos e máximos nas reformas MAS SÓ PARA QUEM LÁ COLOCOU DINHEIRO, mas a politicada principalmente a chamada ""esquerda"" delapidou a segurança social a distribuir os nossos descontos por quem nunca lá colocou um cêntimo!! toda a gente sabe a quem me refiro!!! passeiem (COM CUIDADO) pelos subúrbios e vejam a quantidade de parasitas que mamam dos nossos descontos!!!!
  • Manuel Silva
    18 out, 2016 Ponte de Sor 08:26
    Pensões acima dos 600 € não deviam ter aumento extraordinário, bem como todas aquelas de valor mais elevado. Deviam ter sim as de valor inferior mas todas as atribuídas do rendimento do trabalho. Se o salário mínimo é de 530 € como sobrevivem estas famílias onde por vezes só há um vencimento? O Governo tem que ter Justiça Social.
  • tuga
    18 out, 2016 lisboa 08:13
    A ganancia de sacar dinheiro foi tanta, que gerou uma trapalhada que até mete nojo!!! também vão sacar à GALP?? não!! esses vão poupar milhares com o perdão fiscal, o futebol é amigo!!! Mas já passou ao esquecimento à boa portuguesa!!!!

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