18 nov, 2016 - 23:05
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O Presidente da República elogiou esta sexta-feira, durante a entrega dos Prémios Gazeta, a resistência do jornalismo português numa conjuntura económica e financeira que descreveu como particularmente difícil para os meios de comunicação social clássicos.
"Sinto nesta reunião, nestes prémios, neste encontro, neste jantar, uma ideia, antes do mais, de resistência. Resistência, no bom sentido do termo", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, numa cerimónia realizada na sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa.
"É bom que haja quem resista, na defesa da liberdade, na defesa da democracia, na defesa da dignidade do estatuto do jornalista, na defesa da independência perante uma situação económica e financeira particularmente difícil no mundo dos meios de comunicação clássicos", defendeu o chefe de Estado, afirmando que "há lugar para o jornalismo".
Nesta cerimónia foram distinguidos com os Prémios Gazeta 2015 a jornalista Catarina Santos, da Renascença (Multimédia), Sibila Lind, do Público (Revelação), Pepe Brix (Fotografia), Rita Colaço, da Antena 1 (Rádio); Ricardo J. Rodrigues, da revista Notícias Magazine (Imprensa) e Sofia Leite, da RTP (Televisão). O fundador do Público Vicente Jorge Silva recebeu o Troféu Gazeta de Mérito.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ter sentido neste encontro "uma visão de futuro" e "a paixão" de ser jornalista e declarou que vai sair "mais optimista" do que que tinha chegado.
"Porque é bom para Portugal que haja mais liberdade, mais democracia, mais respeito pelo papel dos jornalistas, nem que isso custe - e custa inevitavelmente - a quem exerce os mais diversos poderes do mundo, a começar no poder político, a começar na magistratura mais responsável. É um preço, é o preço da democracia", acrescentou.
O Presidente da República manifestou "uma enorme saudade" dos tempos em que escreveu o primeiro artigo para a imprensa escrita, em 1965, de quando iniciou "a aventura do Expresso", em 1972, e de quando esteve na rádio e na televisão como comentador.
"Nunca tendo sido jornalista, acompanhei por dentro o que era ser-se jornalista. Não tive o talento de ser jornalista, mas estive muito próximo de quem demonstrou esse talento", afirmou.
O chefe de Estado saudou todos os premiados, mas destacou Vicente Jorge Silva, que apontou como "um exemplo de liberdade" e também "de independência e inconformismo", características que considerou essenciais num jornalista.
Marcelo Rebelo de Sousa contou que lê Vicente Jorge Silva desde a adolescência, quando o jornalista estava no Comércio do Funchal.
"Depois fomos companheiros de percurso no Expresso muitos anos. Eu aprendi muito com o Vicente Jorge Silva, ajudei-o algumas vezes, e talvez a maior ajuda tenha sido a criação da Revista, que foi um outro jornal dentro do Expresso", relatou.
Na sua intervenção, o Presidente da República referiu-se a fenómenos de intolerância, xenofobia, racismo e populismo nos tempos atuais, "isto é, de irracional ou de emotivo a prevalecer sobre o racional, de egocêntrico a prevalecer sobre o comunitário" e observou: "É bom haver prémios como estes que são razão ter optimismo".