18 nov, 2016 - 23:45
Os sete militares arguidos no caso da morte de dois comandos vão aguardar o desenrolar do processo em liberdade, com a medida de coacção de termo de identidade e residência (TIR).
Entre os arguidos está um médico, que fica indiciado por dois crimes de homicídio negligente. Além do TIR, Miguel Onofre da Maia Domingues fica suspenso de funções no Regimento de Comandos e em outras unidades de saúde militares.
Os arguidos Ricardo Miguel dos Reis Rodrigues, Nuno Miguel Jesus Pinto, Hugo Miguel de Almeida Pereira, Miguel Cândido Pereira Espinha Domingos de Almeida estão indiciados pela prática de um crime de ofensas à integridade física graves negligentes e ficaram apenas sujeitos a TIR.
Os sete militares tinham sido detidos para interrogatório na quinta-feira e foram ouvidos esta sexta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa.
O Minitério Público pedia a prisão preventiva dos sete arguidos (cinco oficiais e dois sargentos), argumentando que agiram com "ódio patológico" e com desprezo pelos instruentos do curso de Comandos.
Os militares Hugo Abreu e Dylan Silva morreram na sequência do treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, que decorreu no dia 4 de Setembro, e vários outros receberam assistência hospitalar.
Segundo o Ministério Público (MP), a natureza dos crimes e a actuação dos suspeitos revelam personalidades deformadas, (...) com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana".
Para o MP, os envolvidos tinham conhecimento que com as elevadas temperaturas que se faziam sentir e a privação de água, os instruendos não estavam em condições físicas e psíquicas de prosseguir a instrução.
No entender do MP, a actuação reiterada dos suspeitos revela um manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis.