O consumo de tabaco em jovens saudáveis e fumadores recentes afecta a circulação sanguínea de forma aguda numa fase inicial, potenciando doenças cardiovasculares, conclui um estudo da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC).
Intitulado "Efeitos agudos do tabaco na função vascular em fumadores jovens e saudáveis", o estudo foi conduzido por Telmo Pereira, docente de Fisiologia Clínica na ESTeSC, tendo sido premiado no maior congresso asiático da especialidade.
O investigador de Coimbra recebeu o prémio científico "New Investigator award in clinical science", durante a participação no Hypertension Seoul 2016 (26.º Meeting da International Society of Hypertension), realizado em Seul, Coreia do Sul, entre 24 e 29 de Setembro.
Telmo Pereira e Joaquim Castanheira, ambos docentes do Departamento de Fisiologia Clínica da ESTeSC, apresentaram um total de sete comunicações científicas neste evento que reuniu investigadores e clínicos de 80 países ligados à área da Hipertensão Arterial.
O estudo da ESTeSC comprova que o consumo de tabaco em fumadores há menos de dois anos tem efeitos agudos ao nível vascular, que explicam o aparecimento de doenças cardiovasculares no futuro.
A investigação conduzida por Telmo Pereira pretendeu avaliar os efeitos agudos do tabagismo na função endotelial (referente ao tipo de células que cobrem o interior dos vasos sanguíneos) e na hemodinâmica central (circulação sanguínea) de fumadores jovens e saudáveis.
O estudo prova que o consumo de tabaco provoca um efeito "agudo e pernicioso" sobre a função vascular, comprometendo de forma muito significativa a função endotelial, garante a ESTeSC.
Segundo Telmo Pereira, o tabagismo é reconhecido como "um importante factor de risco modificável para as doenças cardiovasculares", traduzindo-se a longo prazo num maior risco de eventos cardiovasculares importantes, particularmente o Acidente Vascular Cerebral e o Enfarte do Miocárdio.
Neste contexto, o estudo centrou-se em jovens, com idade média de 21 anos, com uma história recente de hábitos tabágicos: fumadores há menos de dois anos.
"Utilizaram-se técnicas sofisticadas para avaliar o impacto vascular de um cigarro, tendo-se demonstrado um efeito agudo e pernicioso do tabaco sobre a função vascular, comprometendo a função endotelial, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial, e promovendo uma maior rigidez arterial", conclui Telmo Pereira.