22 nov, 2016 - 10:00 • Olímpia Mairos
Chama-se “violentómetro” e vai ser distribuído, esta quinta-feira, aos alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Esta iniciativa insere-se nas comemorações do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que se celebra a 25 de Novembro.
Trata-se de uma “ferramenta de sensibilização que visa ajudar na detecção, alerta e denúncia de situações que afectam a liberdade e tranquilidade de mulheres e homens, que ocorrem nas relações interpessoais e que podem ser experienciados nos contextos escolares, laborais e nas relações de intimidade”, explica Ricardo Barroso, docente e investigador da UTAD.
O “violentómetro” que vai chegar aos estudantes da UTAD foi adaptado a partir de um modelo desenvolvido por uma universidade mexicana: é composto por um material gráfico e didáctico, em forma de régua, no qual se visualizam manifestações implícitas e explícitas de violência, algumas delas tornadas naturais no quotidiano e na sociedade.
Ricardo Barroso, que é também especialista na área da psicologia clínica e justiça, lembra que “a violência física e psicológica se apresenta muitas vezes de forma dissimulada, manifestada, por exemplo, em cenas de ciúmes e ameaças associadas, em chamadas constantes para o telemóvel ou em proibições da forma de vestir”.
Comportamentos que, no entender do investigador, “são encarados, por vezes, como toleráveis e percepcionados como normais e eventualmente entendidos como demonstrações de carinho, atenção e amor”.
“Muitos decorrem de papéis de género transmitidos desde muito cedo, aprendidos e reforçados quotidianamente, e isso permite que, em muitas ocasiões, se gerem situações de violência de diferentes tipos”, afirma.
Perante este cenário, o investigador da UTAD considera que urge “consciencializar as pessoas para os comportamentos violentos desde as suas primeiras ocorrências, impedindo que eles ocorram ou continuem a manifestar-se”.
A iniciativa de distribuir "violentómetros" aos estudantes da UTAD partiu da direcção do curso de psicologia. Conta com o apoio da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e da Câmara de Vila Real, através do projecto Mais Social.